Recentemente a gigante mundial de transportes, Maersk, anunciou que realizou, com blockchain, o primeiro transporte de sacos de café via avião (principais amostras para a Ásia), por meio de sua plataforma em DLT, TradeLens.

Lançada em 2019 a TradeLens é uma iniciativa da Maersk com a IMB e que tem como objetvo adicionar digitalização à agenda de logística. Desta forma, a plataforma promove a troca de informações eficiente, transparente e segura para fomentar uma maior colaboração e confiança em toda a cadeia de fornecimento global.

Segundo a empresa, o mercado geral de café continua crescendo graças à expansão das plantações e ao aumento da eficiência da mecanização e do apoio logístico de ponta a ponta da Maersk.

Mariana Lara, diretora comercial da Hamburg Süd/AP-Moller Maersk, explica que as principais regiões produtoras do país são o sul de Minas Gerais e o norte do estado de São Paulo. Além disso, o porto de Santos é responsável por 70% das exportações nacionais.

Atualmente, uma em cada três xícaras de café consumidas no mundo vem do Brasil. Em todo o mundo, estima-se que mais de 2 bilhões de xícaras são servidas diariamente nos seis continentes. Neste contexto, a Maersk tem atuado junto aos fornecedores brasileiros de café para atender à crescente demanda global, apesar do aumento dos custos.

Valor do café

O valor do café aumentou muito no ano passado: de R$ 500-R$ 600 para R$ 1200-R$ 1300 a saca, e o custo do frete também aumentou. No entanto, isso não diminuiu o apetite do mercado internacional, que vem apresentando forte retomada com a melhoria nos índices da pandemia.

À medida que a “revolução das cápsulas” dá lugar à última moda do “café gota a gota”, a China, tipicamente um território onde se consome chá, tornou-se um novo mercado importante, especialmente entre os jovens de 20 a 30 anos, que veem o café como um produto de luxo.

“Temos trabalhado com clientes e parceiros para oferecer um atendimento dedicado e proporcionar melhores condições de retenção de contêineres, permitindo maior segurança e tempo para organizar a exportação e o embarque, e cumprir procedimentos específicos, em especial, processos de aprovação de amostras”, afirma Lara.

Lara pontua ainda que a atuação da empresa em dados logísticos de ponta a ponta, usando blockchain, tem contribuído para a redução das perdas pós-colheita para os fornecedores brasileiros de café.

"Possibilitando oferecer silos de armazenamento para clientes menores que não possuem essa estrutura em suas fábricas, modernizando a infraestrutura e redução do desperdício”, analisa.

Preço do café impacta nas criptomoedas

No entanto o ecossistema do café não está ligado as criptomoedas apenas pela blockchain e criptoativos lastreados no grão também começam a sentir o impacto da produção em seu valor.

Um exemplo disso é que a forte onda de frio que vem impactando o Brasil aliado a uma forte geada que atingiu vigorosamente o cinturão do café brasileiro elevou o preço do grão no mercado internacional e, com isso, também impactou no valor da criptomoeda nacional lastreada no café a Coffee Coin®.

Devido as baixas temperaturas, os preços do café avançaram mais de 22% em resposta às geadas, e a cotação se aproxima de máximas de quatro anos e meio.

Segundo o analista de mercado Héberson Sastre, a alta de preços pode continuar impactando diretamente no valor do Token Coffee Coin®, que já obtém uma alta de mais de 19% em meio às noticias do mercado tradicional.

Como em toda cadeia produtiva, o consumidor final passou a sentir no bolso o aumento de uma das bebidas mais populares do Brasil, o café. Em 26 de julho, o preço do café arábica - de maior qualidade, por exemplo, subiu 10%, o que ocorreu sobre a alta de 20% da semana anterior, atingindo seu maior valor em 7 anos.

Além disso, as exportações do produto aumentaram, o que culmina em menor oferta no mercado interno, como informa a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic).

Produção nacional

Douglas Duek, economista e CEO da Quist Investimentos - empresa do setor de reestruturação de empresas, com forte atuação no agronegócio, explica que 70% da produção atual é direcionada a outros países.

"A condição climática - de uma seca prolongada, com geadas no final - somada a fatores econômicos, resulta em aumento direto para o consumidor", relata. Ainda segundo o especialista, existem outras previsões. Em setembro, por exemplo, o aumento total pode ficar entre 35% e 40%, o maior acréscimo em 25 anos.

As geadas de julho também representam risco para as próximas safras, o que pode manter os preços elevados no supermercado. Duek aponta como outro fator preponderante, o encarecimento da matéria-prima, que também tende a ficar mais escassa.

"Será uma readaptação do consumidor, que já lida com outros aumentos e precisará se ajustar para mais um, que diz respeito a algo muito presente na mesa de todo brasileiro", completa.

Outra consequência a longo prazo, apontada pelo especialista, é o acúmulo de dívidas por parte do produtor, que pode acontecer em função de todos esses eventos. Ele comenta que

"todos esses fatores, somado às dívidas passadas, pode ser um grande problema, como já vimos em vários casos. Uma solução pode ser a renegociação de débitos dessa empresa ou produtor agro, por meio da solicitação de uma recuperação judicial".

Na temporada de 2020 e 2021, o Brasil registrou um novo recorde de exportação. Foram 45,6 milhões de sacas exportadas, contra 41,426 milhões de sacas em 2018/2019, uma elevação de 10,1%. Entre os principais países que receberam o produto brasileiro estão os Estados Unidos, Alemanha, Bélgica, Itália e Japão.

LEIA MAIS