A adoção dos criptoativos na América Latina, uma região historicamente marcada por inflação alta e insegurança econômica, é motivada pela busca de estabilidade e preservação do poder de compra por meio de stablecoins e Bitcoin, mas recentemente, a especulação vem ganhando espaço com investimentos crescentes em memecoins.

O relatório "The State of LATAM Crypto Markets – 2025" da Kaiko Research revela os criptoativos que dominam a preferência dos investidores na América Latina e explora as particularidades de cada mercado regional, com destaque para o Brasil.

Em 2025, a participação de mercado das stablecoins vem sustentando uma tendência de crescimento iniciada em 2024, tendo praticamente dobrado nesse período, como destaca o relatório:

“As stablecoins continuam sendo o ativo mais negociado na América Latina, com o USDT representando 47% do volume, um aumento em relação aos 26% no início de 2024.”

Em janeiro de 2024, o Bitcoin (BTC) e o (XRP) eram os líderes na preferência dos investidores. Enquanto o Bitcoin manteve sua participação de mercado estável em 25%, o XRP declinou e recentemente perdeu a terceira posição para o Ether (ETH).

“A participação do XRP caiu ao longo do último ano, principalmente devido aos volumes off-chain mais baixos na [exchange de criptomoedas] Bitso", diz o relatório. Solana e outras stablecoins completam o Top 5 na América Latina.

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Participação de mercado dos criptoativos na América Latina. Fonte: Kaiko Research

A Kaiko atribui a dominância das stablecoins na região não apenas à busca de proteção por meio da dolarização do patrimônio, mas também às vantagens que elas oferecem para remessas internacionais e pagamentos transfronteiriços.

É uma tendência cada vez maior na região que os usuários utilizem redes blockchain para efetuar transferências internacionais com stablecoins, evitando serviços financeiros tradicionais mais caros e lentos, afirma o relatório.

Ao contrário dos demais países da região, os padrões de negociação de stablecoins no Brasil sugerem que os usuários do país as utilizam como investimento financeiro – e não apenas como ativo de proteção, aponta o relatório:

“Os traders de criptomoedas na maioria dos países da América Latina aumentaram as compras de stablecoins durante períodos de incerteza. Em contrapartida, a atividade com stablecoins no Brasil acompanhou de perto as mudanças no sentimento de risco, em linha com mercados desenvolvidos como os EUA e a Europa, com vendas líquidas durante períodos de aversão ao risco e compras renovadas à medida que a confiança retornava.”

Memecoins chegam ao Top 10 no mercado latino-americano

O crescimento da negociação de memecoins na América Latina em 2025 demonstra um apetite pelo risco, motivado pelo potencial de ganhos exponenciais desses ativos. No atual ciclo de alta das criptomoedas, o desempenho das memecoins superou significativamente a média do mercado, enquanto a maioria das altcoins registrou valorização inferior à do Bitcoin.

Como reflexo disso, as memecoins Pepe (PEPE) e Dogecoin (DOGE) registraram maior volume negociado que altcoins estabelecidas, como Cardano (ADA), Binance Coin (BNB) e Chainlink (LINK), ou ascendentes, como Sui (SUI) e Ethena (ENA).

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Volume negociado de criptoativos na América Latina em 2025. Fonte: Kaiko Research

Padrões de negociação diferem em exchanges regionais e globais

A Kaiko identifica diferentes padrões de negociação em exchanges globais e regionais. “Nas exchanges regionais, o XRP é mais popular do que o Bitcoin e os volumes estão distribuídos de forma mais uniforme, enquanto as plataformas globais concentram o volume negociado em praticamente três ativos", afirma o relatório.

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Volume negociado de criptoativos na América Latina em exchanges globais e locais em 2025. Fonte: Kaiko Research

Em dois dos três maiores mercados da região – Brasil e Argentina –, os investidores revelam uma preferência maior à Solana do que ao XRP.

Em 2025, o volume negociado no Brasil de apenas dois ativos, o USDT e o Bitcoin, responde por mais da metade do total de US$ 16,2 bilhões transacionados na região, destaca o relatório:

“O USDT da Tether e o Bitcoin foram os principais ativos denominados em BRL negociados em 2025, com volumes acumulados de US$ 6 bilhões e US$ 3,4 bilhões, respectivamente.”
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Criptomoedas mais negociadas em par com o BRL em 2025. Fonte: Kaiko Research

O relatório também identifica que, no Brasil, as exchanges globais são as principais rampas de entrada e saída de moedas fiduciárias.

Atualmente, o real é a quarta moeda fiduciária mais negociada na Binance, conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil.