De acordo com o Sebrae, a definição de “ativos em dificuldades” comporta um rol de significados utilizados normalmente a imóveis e massas falidas, no caso os “ativos distressed, estressados, podres.” Termos que também já são usados para as criptmoedas envolvidas em litígios que inundam os tribunais mundo afora e que movimentam um novo mercado, o de “criptomoedas distressed”, que chegam a render lucros de até 1.800%. 

Foi o caso de Thomas Braziel,  fundador da 507 Capital, uma empresa que fornece financiamento para falência e compra de créditos contra massas falidas em todo o mundo, além de empréstimos. “Generosidade” que rende muito, quando o assunto é a aquisição de criptomedas envolvidas em imbróglios judiciais. Braziel, que até 2017 não tinha interesse pelo Bitcoin (BTC), começou a mudar de ideia com a falência da exchange de criptomoedas japonesa Mt.Gox, alvo de um ataque hacker que drenou 850 mil BTCs.

Filho de um casal de advogados da área de falências, o empresário acabou comprando 4 mil Bitcoins de ex-clientes da Mt. Gox, criptomoedas envolvidas em um processo judicial aberto após a falência da empresa, em 2014. As criptomoedas custaram US$ 1 milhão, arrecadados de um family office, que é um serviço de assessoria administrativa volta a famílias com grande patrimônio. Aquisição que representou US$ 250 por BTC que, apesar do momento de baixa, valorizou cerca de 7.600% desde então, já que a criptomoeda era negociada pouco acima de US$ 19 mil na manhã desta quinta-feira (8). Mas, segundo a publicação da Bloomberg, o ganho de Braziel será 1.700%, o que não deixa claro o critério de cálculo utilizado pela Justiça para o reembolso do crédito adquirido pelo empresário. 

O faturamento de Braziel deverá acontecer em breve, com a liberação do reembolso pela Justiça, mas está longe de ser um caso isolado, já que os tribunais foram inundados com ações judiciais a partir do agravamento da queda do mercado no início de dezembro, responsável pela liquidação de mais de US$ 2 trilhões do setor e, consequentemente, a consolidação do segmento cripto como um nicho de ativos distressed.

No olho do furacão está a exchange de criptomoedas Voyager Digital e a credora de criptomedas Celsius Network, que chegaram aos tribunais dos Estados Unidos com um impasse para os juízes, que terão que decidir se o ressarcimento dos clientes será feito em dólar ou tokens. Decisão que pode beneficiar a fonoaudióloga de Sydney, na Austrália, Katie, que pediu para não ter o sobrenome divulgado pela publicação da Bloomberg. Ela e o marido estavam contando com US$ 138 mil investidos na Celsius para ajudar na compra de uma casa.

Por outro lado, outros investidores preferem não esperar e ainda correr o risco de ficar de fora da massa de credores do mercado cripto que buscam ressarcimento via ações judiciais, como o profissional de TI Oliver, que vive na região de Nantes, na França, que disse à Bloomberg que está procurando comprador para seu crédito de US$ 1 milhão na Celsius por apenas 30% do valor nominal. 

No final de agosto, rumores sobre o despejo de 137.000 Bitcoins oriundos Mt. Gox ajudou a pressionar o preço do BTC e causou pânico no mercado a partir de publicações no Twitter, conforme noticiou o Cointelegraph.

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