O ETF (fundo de índice negociado em bolsa) dedicado ao metaverso descentralizado da gestora brasileira Hashdex começa a ser negociado hoje na B3, em um momento em que os 10 ativos que compõem o índice acumulam desvalorização de 53% a 79% no acumulado do ano até agora, de acordo com dados do CoinMarketCap.

O META11 oferece aos investidores brasileiros exposição a uma cesta de criptoativos da indústria de games, cultura e entretenimento baseados na tecnologia blockchain, replicando o “CF Digital Culture Composite Index”.

O índice agrega a plataforma de contratos inteligentes Ethereum (ETH), protocolos de infraestrutura como Chainlink (LINK), The Graph (GRT), Polygon (MATIC) e Enjin (ENJ), games como o popular Axie Infinity (AXS), aplicativos de distribuição musical descentralizada e comercialização de fan tokens como o Audius (AUDIO) e o Chiliz (CHZ), e plataformas dedicadas à criação de ambientes virtuais imersivos como Decentraland (MANA) e The Sandbox (SAND).

Ou seja, trata-se de uma combinação de diversas proposições tecnológicas disruptivas que estão chegando para modificar a realidade tal qual a conhecemos e é isso que o investidor deve ter em mente ao considerar a alocação de parte do seu capital em um produto como o META11, afirmou Marcelo Sampaio em entrevista ao portal E-Investidor:

"O mercado está em queda com a aversão ao risco por parte dos investidores. Isso transcende não apenas o metaverso, mas qualquer ativo com um nível maior de risco. Isso não quer dizer que os ativos sejam ruins ou estejam indo mal, principalmente se você tem a visão do longo prazo. Se você olhar o fundamento, a tecnologia de basicamente todos os projetos está evoluindo bastante. Tem cada vez mais gente utilizando, estão mais integradas com os sistemas e seus vários usos. Mas é especulativo, a gente não conhece o futuro."

Pode ainda não estar totalmente claro no que o metaverso, ou metaversos, virão a se transformar, mas parece claro que eles fazem parte de "um grande processo de digitalização do mundo real ou até a criação de mundo que não conhecemos", diz Sampaio.

Assim, os números momentâneos do mercado se tornam pouco relevantes diante do potencial de desenvolvimento da tecnologia no contexto de uma tese de investimento de longo prazo, explicou o executivo ao afirmar que o atual ciclo de baixa não impactou o planejamento do lançamento do sexto ETF dedicado exclusivamente a criptoativos da Hashdex:

"A gente tenta ser agnóstico em relação ao timing, porque nós somos investidores de longo prazo em criptoativos. Então nós queremos servir o mercado com projetos que consideramos serem relevantes e que serão grandes no futuro. Para a gente, sinceramente, não faz diferença se o mercado está em alta ou baixa. Faz diferença se acreditamos que a tese é sólida, tem potencial para crescer e os investidores devem ficar atentos a ela. Quem se interessa por um produto desse tem que estar atento ao longo prazo e o desenvolvimento dessa sub-indústria. Não deve fazer diferença se está caindo ou subindo, e sim se você acredita que essa indústria pode ser muito maior do que é hoje, continuar se desenvolvendo, gerando valor e solucionando problemas."

Desempenho dos ativos que compõem o META11 no acumulado do ano até agora. Fonte: CoinMarketCap

Novos casos de uso

As plataformas ainda não são totalmente funcionais e os casos de uso ainda estão em evolução. Sampaio cita os NFTs (tokens não fungíveis) como um exemplo desta tendência. Até o momento, seus casos de uso ficaram restritos a obras de arte e colecionáveis digitais ou itens de games, como armas, skins, veículos e personagens. Mas há um enorme potencial ainda por ser desbloqueado, como por exemplo verificação da identidade dos cidadãos através de novos modelos de representação digital.

Embora o desenvolvimento do metaverso esteja se dando atualmente em duas direções aparentemente conflitantes, uma controlada por mega corporações como a Meta ou a Microsoft e outra descentralizada, baseada em uma economia compartilhada e na distribuição de valor mais igualitária entre entidades e usuários das redes, a qual só se tornou possível graças à tecnologia blockchain, como destacou o CEO da Hashdex:

"O blockchain cria essa interatividade em que é possível transacionar valor da mesma forma como no mundo real, mas digital, e em um mundo que é totalmente aberto. Você começa a emular o mundo material dentro desse mundo digital. É um momento muito interessante. Essa geração mais nova está vivendo de forma muito mais natural no metaverso do que parece para a gente."

A Hashdex estima que o valor da cota inicial do META11 seja de R$ 50 e a taxa de administração total será de 1,3%.

ETFs atraem e mantém fidelidade dos investidores

Os ETFs vinculados a criptoativos lançados pela Hashdex foram bem recebidos pelos investidores, que encontraram nesta modalidade de investimento uma forma de se expor a esta classe de ativos emergentes de forma segura e regulada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Pouco mais de um ano após o seu lançamento, o HASH11 é, hoje, o segundo ETF mais negociado da B3, com 149.438 cotistas, de acordo com o mais recente boletim mensal divulgado pela B3. A recente queda do mercado de criptomoedas impôs perdas significativas aos ETFs da Hashdex, com o ETHE11, inteiramente vinculado à Ethereum liderando as perdas com desvalorização de 58,68% desde o seu lançamento, mas o número de cotistas tem crescido ou no mínimo se mantido estáveis, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente.

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