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'Eu não apostaria meu dinheiro no metaverso, NFTs ou VR', diz influencer Felipe Castanhari

Popular influencer segue na contramão do mercado, renega "tiktoketização" das redes sociais e diz não enxergar o potencial inovador de NFTs, Web3 e realidade virtual.

'Eu não apostaria meu dinheiro no metaverso, NFTs ou VR', diz influencer Felipe Castanhari
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Em sua trajetória de sucesso como um dos mais populares influencers digitais da internet brasileira, Felipe Castanhari sempre se caracterizou por renegar modismos e apostar em formas de originais de se aproximar, construir e manter o seu público.

Por isso, afirmou em entrevista ao portal Meio e Mensagem publicada na quinta-feira, 8, ele é totalmente cético em relação ao suposto potencial inovador de NFTs (tokens não fungíveis, metaverso, realidade virtual (VR) e tudo o mais que pode ser abrigado sob o rótulo da Web3.

Segundo Castanhari, estas novas tecnologias não têm nada de novo. São apenas uma nova forma de apresentar conceitos e ideias que já existem desde o final do século passado. A efemeridade do hype dos NFTs, cujo mercado retrocedeu substancialmente desde o início deste ano, seria prova de que a tecnologia tem sido superestimada pela comunidade de criadores e usuários.

Castanhari também citou o caráter especulativo desse mercado para afirmar que não apenas não enxerga valor nos tokens não fungíveis, mas também que se opõe à cultura que eles disseminam:

"Eu sou hater de NFT. Isso já existia e eles só embrulharam em um novo formato e entregaram outra coisa. Neste ano já se provou que o hype deu uma passada. Essas pessoas talvez precisem se posicionar e assumir que esse mercado surgiu com o propósito de gerar dinheiro, e não de gerar qualquer outra coisa de real valor, travestido de indústria da arte."

O metaverso alardeado pelas big techs como o próximo estágio de evolução da internet, que, em paralelo também se desenvolve em plataformas descentralizadas como The Sandbox (SAND) e Decentraland (MANA), já foi implementado anteriormente e não tinha graça nenhuma, diz Castanhari, em uma referência indireta ao "Second Life".

Segundo o influenciador, o metaverso projeta uma visão do futuro a qual deveríamos tentar evitar que se materialize:

"Metaverso para mim já existia, mas embrulharam com papel e chamaram de outra coisa. Já existia antes e era ridículo. O metaverso saiu de um software de 1997. Se aquilo é futuro, será que eu quero fazer parte dele?"

Mesmo experiências supostamente mais sofisticadas em ambientes digitais, envolvendo realidade virtual e experiências imersivas, não parecem ter despertado o interesse do público a ponto de se tornarem verdadeiramente populares para além de determinados nichos.

Castanhari não acredita que estas tecnologias serão capazes de moldar o futuro e, portanto, deveriam ser evitadas tanto como investimento financeiro quanto como plataformas para criadores de conteúdo:

"Eu não apostaria o meu dinheiro em VR e NFT. VR funciona de forma muito específica e não para todos os tipos de conteúdo. [O hype do VR, do metaverso e dos NFTs] durou poucos meses. A empolgação acabou porque está chato, porque está parado."

Contramão do mercado

Castanhari também renega outras tendências do espaço digital, como a chamada "tiktoketização" das redes sociais. Segundo o influenciador, plataformas como o Instagram e o Youtube estariam perdendo sua essência na medida em que tentam copiar o modelo de vídeos curtos do TikTok:

"Cada uma das redes sociais têm um seu próprio público, seu nicho e estilo, e eu não tenho problema nenhum com as redes novas. Tínhamos vídeos curtos com o Vine e aí a moda passou. Agora, voltou. O TikTok já é a rede social mais consumida no mundo. É sempre interessante, até mesmo os novos talentos que surgiram disso. A minha questão é com as outras redes sociais que ao ver que o formato curto virou popular mudam seu modelo de negócios. Dá para ver que o Instagram tá mudando muito e o YouTube partiu para esse modelo com o Shorts. Eu não sei até onde é uma boa ideia porque são [modas] cíclicas."

Castanhari disse que a abordagem narrativa de suas produções sobre temas históricos e científicos é alinhada à linguagem do documentário. Portanto, demandam um tempo de tela mais longo. Não importa se o veículo para divulgação do conteúdo seja o seu canal no Youtube ou plataformas de streaming como o Netflix, onde lançou a série "Mundo Mistério".

"Daqui a uns três anos, as principais plataformas vão perceber que foi um erro querer virar o TikTok porque o TikTok vai estar consolidado e terá o lugar dele. Então, as outras redes vão perceber isso e vão ter que voltar a olhar para o seu antigo modelo de negócios", disse Castanhari. "Se isso não acontecer, vão surgir outras redes para virar o que o Instagram deixou de ser."

Apesar da descrença de Castanhari a respeito do potencial da Web3, alguns especialistas acreditam que uma internet baseada em protocolos descentralizados tem potencial para remodelar as redes sociais em benefício dos criadores de conteúdo e dos usuários, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente.

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