A ex-diretora de compliance da Atlas Quantum, Emilia Malgueiro, esteve presente na audiência pública da Comissão Especial do PL 2303/2015 - que debate a regulação das criptomoedas no Brasil pelo Banco Central - nesta quarta-feira, 25 de setembro, na Câmara dos Deputados.
Demitida recentemente da Atlas, como noticiou o Cointelegraph Brasil, Malgueiro foi questionada pelo autor do PL 2303/2015, deputado federal Aureo Ribeiro (Solidariedade/RJ), sobre os motivos que levaram à sua demissão da empresa, que oferece arbitragem no investimento em criptomoedas.
A ex-representante jurídica da empresa disse que a justificativa oficial para sua demissão foi "corte de despesas", descartou que os problemas da Atlas com a Comissão de Valores Mobiliários tenham afetado sua posição na empresa e revelou que tinha outra percepção sobre a motivação da dispensa:
"No meu entendimento, fui demitida por fazer perguntas sobre o que estava acontecendo."
Logo em seguida, o deputado questionou que tipo de perguntas Malgueiro estaria fazendo e que teriam levado à sua demissão:
"Sobre o que estava acontecendo com os saques, as mesmas perguntas que todos estão fazendo."
A advogada Emilia Malgueiro ainda afirmou que tem fundos na Atlas que também aguardam para serem sacados, afirmando ainda que se investisse novamente em criptoativos "não faria nenhuma transação com um intermediário, que me deixasse sem acesso às minhas chaves. Ficaria com meus Bitcoins sob minha própria custódia".
O CEO da Atlas Quantum, Rodrigo Marques, também presente na Comissão Especial, foi logo depois questionado pelos deputados sobre a atuação de Emilia Malgueiro com a empresa, garantiu que a advogada é "uma das melhores profissionais do mercado de compliance e criptoativos", e defendeu que a demissão não teve a ver com problemas com a CVM ou outros problemas que têm afetado a empresa neste ano.
Em sua apresentação no Parlamento, Marques defendeu que o mercado cripto é "transparente por natureza" e disse que foi esta característica que o atraiu. O representante da Atlas ainda disse que a empresa é um projeto a "longo prazo" e que investiu todo seu patrimônio pessoal em sua plataforma de serviços. Segundo ele, 85% dos fundos da empresa no momento estão presos em exchanges do exterior, a maior parte nos EUA, China e Europa.
O CEO da Atlas ainda chegou a afirmar na audiência que "parte do que passamos não teria acontecido se o país tivesse mergulhado em esforços para entender o funcionamento do mercado e estabelecimento de regras".
Como o Cointelegraph Brasil tem noticiado, a Atlas Quantum enfrenta problemas desde agosto para completar os saques em sua plataforma, com as ordens chegando a demorar um mês para serem completadas.
Recentemente, a empresa também foi acionada na Justiça por clientes que buscam receber os valores investidos. Além disso, a Justiça também determinou bloqueio de veículos e contas correntes sob acusação de pirâmide financeira.