Um grupo de seis vereadores do Rio de Janeiro foi preso nesta quinta-feira (05) acusados de integrar uma organização criminosa que promovia fraudes em licitações no município e, para ocultar o rastro da corrupção, comprava Bitcoin (BTC) e criptomoedas.

A ação foi conduzida pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (GAECO/RJ) e da Promotoria de Justiça de Carmo, em parceria com a Polícia Civil, através da 112ª DP.

A prisão dos vereadores e a ação policial realizada nesta quinta fazem parte da terceira fase da Operação Chorume.

No total foram cumpridos 11 mandados de prisão preventiva e outros 22 de busca e apreensão. Segundo as investigações, as licitações fraudadas pelo grupo criminoso são da área de limpeza urbana no município de Carmo.

Os vereadores presos foram Rita Estefânia Gozzi Farsura (Faninha, que encontra-se em prisão domiciliar após a primeira fase da operação), Romerito Jose Wermelinger Ribeiro, Marco Antonio Pereira Dalboni, Juliano de Souza Braga, Valquiria Aparecida de Moraes, Samuel Cassio Cunha (Samuel da Livração), Salvador Carvalho de Oliveira, Wilde Rodrigues Curty e Ana Cláudia Ribeiro Fernandes.

Segundo as denuncias eles recebiam uma espécie de “mesada” de integrantes da organização para não fiscalizarem devidamente as despesas relacionadas aos contratos fraudulentos.

Grupo criminoso

De acordo com as acusações os vereadores integravam um grupo criminoso que seria composto por outras 16 pessoas que, assim como os vereadores, devem responder por crimes contra a lei de licitações, corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de dinheiro.

Além dos vereadores o ex-prefeito Paulo Cesar Ladeira, preso na segunda fase da operação também é acusado de participar do esquema que teria dado um prejuízo de mais de R$ 40 milhões aos cofres públicos.

Ainda segundo a denúncia, duas empresas, a Limpeza Urbana e a Forte Ambiental, obtiveram contratos superfaturados de limpeza urbana com o município, durante o período em que Ladeira esteve no cargo (2017/2020), por meio do pagamento de propina a agentes públicos.

Núcleo empresarial

Segundo as denuncias, os irmãos Wesley Ferreira Pessanha e Celciomar Ferreira Pessanha, denunciados juntamente com a mãe, Selma Ferreira Pessanha (todos presos na segunda fase da operação), exerciam o comando do núcleo empresarial da organização criminosa.

Wesley liderava o grupo, coordenando as atividades dos demais comparsas, relacionadas aos crimes de corrupção, peculato e lavagens de dinheiro por meio da realização de investimentos em criptoativos de difícil rastreio, dentre outras manobras.

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Os três atuavam no município desde 2016, com objetivo de obter vantagens espúrias em contratações públicas, quando apoiaram financeiramente a campanha de Paulo Cesar Ladeira, reeleito na eleição daquele ano.

Murilo Neves de Moura e José Henrique dos Santos Mendonça desempenhavam funções semelhantes na organização, tendo sido, em períodos distintos, sócios minoritários da Forte Ambiental, beneficiada nas fraudes licitatórias.

Ambos, que também encontram-se presos, auxiliavam Selma na gestão da empresa e na montagem dos processos fraudulentos de pagamentos, que seriam posteriormente enviados à Prefeitura.

Na condição de prefeito de Carmo e responsável por todas as decisões relacionadas aos contratos do grupo, Paulo Cesar Ladeira era o líder do núcleo que integrava o Poder Executivo.

De acordo com as investigações, Ladeira pactuou o recebimento mensal de 10% a título de propina, em contrapartida à contratação e à realização do pagamento das notas dos contratos titularizados pelas empresas pertencentes ao braço empresarial da organização criminosa.

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