O Bitcoin (BTC) fechou o mês de junho amargando o pior desempenho mensal desde setembro de 2011, acumulando perdas de 37,3%. Embora o valor nominal da maior criptomoeda do mercado esteja acima de US$ 19.000 na manhã desta sexta-feira, 1º de julho, sob qualquer perspectiva, não há nenhum aspecto positivo na ação de preço do BTC até agora em 2022.

Os meses de abril, maio e junho testemunharam o maior declínio da capitalização do mercado de criptomoedas da história em um único trimestre: aproximadamente 57%. Anteriormente, o recorde pertencia ao primeiro trimestre de 2018. Naquela ocasião, a queda de 50% capitalização de mercado marcou o início do bear market do ciclo anterior.

Como resultado, o Bitcoin configurou a pior opção de investimento para os brasileiros ao longo do primeiro semestre deste ano, tendo desvalorizado 62,3% na sua cotação em reais. Descontada a inflação de 5,63%, calculada com base no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), o prejuízo foi ainda maior: 64,3%, de acordo com reportagem do Valor Econômico publicada na quinta-feira, 30.

Gráfico diário BTC/BRL no 1º semestre de 2022 (Binance). Fonte: Trading View

Outros mercados

Não foi apenas o mercado de criptomoedas que sofreu os efeitos de um cenário macroeconômico de inflação em alta, aumento da taxa de juros nos EUA e a ameaça cada vez mais concreta de uma recessão global se aproximando em um horizonte próximo.

O Ínidice Ibovespa, principal indicador de desempenho das ações negociadas na B3, recuou 11,50% em junho e acumula queda de 5,99% até agora em 2022. Descontada a inflação, a variação negativa do Ibovespa é de 11%.

O último pregão do mês de junho foi sombrio nas principais bolsas norte-americanas, consolidando perdas substanciais. Com queda de 20,58%, o S&P 500 confirmou o pior primeiro semestre desde 1970. Enquanto o Índice Nasdaq registrou uma retração de 29,51%.

O lendário investidor Michael Burry, que previu o estouro da bolha imobiliária que derrubou os mercados em 2008 e empurrou a economia global para recessão nos anos seguintes, publicou uma postagem no Twitter, reajustando as perdas à inflação, e previu que o ciclo de baixa possivelmente ainda esteja apenas na metade.

Ajustado pela inflação, o S&P 500 caiu 25-26% no primeiro semestre de 2022, a Nasdaq caiu 34-35%, e o Bitcoin caiu 64-65%.
Isso foi uma compressão múltipla. Em seguida, virá uma compressão de lucros. Então, talvez estejamos no meio do caminho.

—Cassandra B.C. (@michaeljburry)

Tido como o ativo preferencial de reserva de valor, o ouro também não performou bem neste primeiro semestre. O metal precioso desvalorizou 9,03% em valores nominais. Considerando a inflação, as perdas se estendem a 13,88%.

A única aplicação financeira que registrou rentabilidade real positiva no primeiro semestre de 2022 no Brasil foi o IMA-B 5, com uma alta de 0,92%. O único destaque positivo de um semestre de perdas generalizadas é um instrumento de renda fixa que representa uma cesta de títulos do Tesouro IPCA+ com prazo de até cinco anos.

Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil, a última notícia desfaorável ao Bitcoin foi a negativa da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) ao pedido da Grayscale para converter seu Grayscale Bitcoin Trust (GBTC) em um fundo negociado em bolsa (ETF).

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