Os usuários brasileiros de Bitcoin e criptomoedas negociaram quase R$ 100 bilhões em criptoativos segundo um relatório da Receita Federal que o Cointelegraph teve acesso. No total,no período citado foram reportados a Receita Federal cerca um total de R$ 99.753.543.138 em movimentações com criptomoedas. Somente em agosto de 2019, nas exchanges nacionais, foram negociados, R$ 43.076.237.804,06.

"Em razão de todo o exposto, é razoável esperar que a última versão das informações ora divulgadas tenha divergência quando comparada com a versão imediatamente anterior. Pois a última sempre levará em consideração as declarações em atraso e as retificadoras entregues entre uma consolidação e outra", destacou a Receita Federal no relatório.

Os números chamam a atenção para o potência do mercado nacional de criptomoedas que teria, em média, cerca de 100 mil usuários negociando criptoativos todo mês em todas as plataformas nacionais. Segundo os dados que o Cointelegraph obteve, com exceção do mês de agosto, em todos os demais a movimentação dos brasileiros em exchanges no exterior é maior do que a movimentação em plataformas nacionais.

Somente em plataformas no exterior, de setembro de 2019 a fevereiro de 2020, as empresas reportaram R$ 28.196.181.186 em negociações com Bitcoin e criptomoedas, enquanto as plataformas nacionais teriam negociado R$ 18.363.711.472.

Outro dado que chamou a atenção foi a movimentação fora das exchanges, entre vendedores p2p e mesas de OTC no qual, foram reportados a Receita Federal, R$ 8.073.799.596 em movimentações.


O Cointelegraph buscou junto a Receita Federal entender porque o motivo da movimentação 'atípica' ocorrida em agosto de 2019, afinal o valor reportado é muito maior do que o dos outros meses, porém a RFB não forneceu uma resposta até a publicação desta reportagem.

Contudo empresas de criptomoedas ouvidas pelo Cointelegraph, indicaram que possivelmente houve uma 'confusão' nos dados informados no primeiro mês de validade da IN 1888 e empresas devem ter reportado o total de movimentações de janeiro a agosto ao invés das transações feitas somente naquele mês.

"Os números apontam o crescimento do mercado brasileiro de criptoativos e a importância da IN 1888 no estabelecimento dos procedimentos de reporte das transações", destacou, Safiri Felix, Diretor da ABCripto.

Os dados reportados a Receita Federal dizem respeito 'apenas' as movimentações nas exchanges e, portanto, não estão computados dados da XDEX, e dos fundos baseados em criptomoedas aprovados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e operados pela Hashdex, BLP, QR e Vitreo. 

No entanto, embora os números revelam um grande mercado para Bitcoin e criptomoedas no Brasil, ele ainda é 'pequeno' no cenário global do mercado de criptoativos, tendo em vista que, segundo dados do Coinmarketcap, apenas nas últimas 24h, a Binance, uma das principais exchanges do mundo, negociou R$ 76.442.848.008,68 (em todo os seus produtos de criptoativos) volume quase maior em apenas um dia do que todo o volume das empresas brasileiras (reportados a Receita) em 7 meses.

O volume das negociação de Bitcoin e criptomoedas no Brasil chamaram a atenção não apenas da Receita Federal mas também do Ministério da Economia que está de olho na movimentação e acredita que ela também deve pagar imposto.

Em dezembro do ano passado, já com parte deste números em mãos, o secretário da Receita Federal, José Tostes revelou que o tema das criptomoedas foi debatido durante as reuniões do Conselho de Política Fazendária (Confaz) que discute os termos da reforma tributária proposta pelo Ministro da Economia, Paulo Guedes.

Segundo ele, Bitcoin, criptomoedas e o que vem sendo chamado de 'economia digital', devem ser tratados como prioridade na Reforma Tributária e não podem ficar de fora dos debates, já que representam um volume significante de negociações no país, tendo em vista que, no período até agora mapeado, os dados não ficaram abaixo da casa dos Bilhões.

A proposta de tributação para as transações digitais não conta com o apoio do Presidente da República, Jair Bolsonaro, que afirmou que não haverá a criação de um novo imposto. Porém Guedes é contrário ao presidente e já afirmou por diversas vezes que é fundamental para o país tributar as transações digitais.

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