A Binance, uma das maiores exchanges de criptomoedas do mundo, assumiu o primeiro lugar no Brasil, como a plataforma em que usuários nacionais mais comercializam Bitcoins, segundo dados compartilhados com o Cointelegraph em 21 de abril. Somente no primeiro trimestre deste ano a exchange já cresceu mais de 16%.

De acordo com os dados os usuários do Brasil negociam em torno de 12 mil Bitcoins por dia na Binance. No entanto, embora o valor seja expressivo, cerca de R$ 436.123.309,44, ele representa apenas 1,5% do volume total da exchange. Como comparação, segundo dados do Cointrademonitor a principal exchange 100% nacional, a Mercado Bitcoin, negocia cerca de 112 Bitcoins por dia.

No entanto, segundo levantamento, embora o MB não seja o líder do mercado em transações, a exchange lidera em market share com quase 2 milhões de clientes totais e o maior volume de compra e venda de bitcoins em reais. O Mercado Bitcoin também seria ainda a principal porta de entrada de novos usuários nacionais no mercado de criptomoedas.

Além de liderar a negociação de Bitcoins entre usuários nacionais a crise econômica causada pelo avanço do coronavírus não atingiu a exchange que anunciou que está contratando mais de 100 novos funcionários para diversas áreas e que podem executar seu trabalho remotamente.

Além disso, em meio a pandemia, a exchange teve um crescimento de 24% em novos usuários tanto em nível global como no Brasil.

"Quando há grande volatilidade e quedas notáveis nos mercados financeiros tradicionais, esperamos e observamos um nível crescente de interesse em criptomoedas. Para ajudar a facilitar essa transição, a Binance vem implementando vários recursos que serão familiares aos investidores tradicionais, como Savings, Futures e, mais recentemente, um produto Options. Como esses ativos tendem a não se correlacionar com os mercados tradicionais, ou mesmo com os eventos macroeconômicos, cada vez mais os investidores veem os ativos de cripto como uma ferramenta útil de diversificação para seus portfólios. Tivemos a sorte de ter um ótimo primeiro trimestre e estamos nos preparando para mais. Grande parte disso é um foco renovado em deixar nossos negócios o mais localizados possível", destacou Josh Goodbody, diretor de crescimento da Binance na América Latina.

Em busca de ampliar sua atuação no Brasil, recentemente a Binance passou a permitir a compra de criptomoedas com Reais por meio de cartão de crédito (não é possível depositar reais em uma conta bancária vinculada a empresa como ocorre com o Mercado Bitcoin) e, no caso da América Latina, anunciou uma plataforma p2p para compra e venda de ciriptomoedas.

Em nota encaminhada ao Cointelegraph a Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto) questionou os dados, confira.

"A respeito do volume, surpreende muito o total informado pela plataforma, uma vez que, se confirmado, mostraria que brasileiros negociam cerca de R$ 440 milhões por dia, algo como R$ 13,3 bilhões por mês. Esse número representa praticamente todo o mercado brasileiro, segundo dados da Receita Federal do Brasil.  

Sobre a RFB, aliás, é preciso questionar o fato de a Binance frisar em suas redes sociais que não declara suas movimentações para os órgãos regulatórios no Brasil – a declaração deve ser feita por todas as demais Exchanges brasileiras. 
A despeito de não ter uma sede fixa, como informado em diversos canais da empresa, na visão da Associação e dado o expressivo volume informado ao Cointelegraph, ela deveria recomendar fortemente que todos os seus clientes no Brasil estivessem de acordo com a Instrução Normativa 1.888/2019 e não apenas informar sobre a obrigatoriedade. 

Lembramos ainda que um estudo recente conduzido pela Chainalysis, principal empresa global de análise de Blockchain, mostrou que entre 2016 e 2019 o setor cripto processou cerca de USD 2,8 bilhões em transações ilegais e 50% desse volume foi transacionado por duas empresas: Binance e Huobi. 

Todos esses questionamentos fazem parte do papel vigilante da ABCripto de contribuir para o avanço da segurança no setor. Ao fazer isso, visa a garantir aos usuários brasileiros e às autoridades do país a transparência necessária para todos os que operam criptoativos no país", a nota é assinada por Safiri Felix, diretor-executivo da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto).

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