Em 2020, em busca de evitar os efeitos econômicos causados pelo avanço do coronavírus em todo o mundo, os países injetaram mais de US$ 12 trilhões na economia global.

Desta forma, segundo especialistas, este 'excesso' de liquidez ajudou a segurar um colapso nas economias e, por outro lado, impulsionou o mercado de investimentos que também impactou no mercado dos criptoativos que superou a marca de US$ 1.1 trilhão.

Contudo, com o início da vacinação em 2021, algumas nações já começam a reduzir as medidas de estímulo econômico e, com isso, ainda é incerto como todo este dinheiro que migrou para o capital de investimento vai se comportar com este arrefecimento das políticas de distribuição de renda.

No caso do Brasil, o fim do Auxílio Emergencial já causou uma 'fuga' massiva da poupança que, segundo dados do Banco Central, registrou um aumento nos saques que, inclusive, superou o valor de novos depósitos em R$ 18,153 bilhões.

Essa foi a maior retirada de recursos mensal desde o início da série histórica da instituição, em janeiro de 1995. Até então, a maior saída líquida havia sido registrada em janeiro de 2020 (-R$ 12,356 bilhões).

De acordo com a instituição, os saques da poupança somaram R$ 263,062 bilhões em janeiro.

'Fuga' dos investimentos

Embora o movimento de saque a poupança coincida com os gastos de início do ano, como IPVA, IPTU, compras de natal, entre outros, especialistas aponta que o recorde em saques na poupança pode sinalizar um novo momento na economia no qual os investimentos feitos em 2020 são realizados para se tornar gastos em 2021.

A Organização das Nações Unidas, ONU, aponta inclusive que o ano de 2021 pode ver o estouro de uma bolha financeira justamente pelo fim das políticas de estímulo que, em boa parte, ajudou a 'bombar' o mercado de investimentos.

“No contexto de uma pandemia violenta, o mundo está testemunhando o desenvolvimento de uma enorme bolha financeira, com os principais índices do mercado de ações registrando aumentos recordes nos últimos 10 meses”, diz o relatório da ONU apontando que essa bolha pode estourar em breve.

Bitcoin

Contudo, especialistas em Bitcoin no Brasil acreditam que este cenário não deve afetar o mercado de criptomoedas.

Para Bernardo Quintão, diplomata na exchange Mercado Bitcoin, o atual valor do Bitcoin está sendo determinado pelo interesse de investidores institucionais e não como ocorreu em 2017 quando os investidores de varejo ajudaram o BTC a atingir sua marca histórica na época.

Portanto, segundo ele, o fim das políticas de incentivo não devem afetar o preço da criptomoeda.

“O Bitcoin atualmente é um ativo global com altíssima liquidez e grande presença de investidores institucionais. Por mais que os investidores de varejo sejam importantes, a demanda dos investidores institucionais por Bitcoin é tão grande que não vejo como o fim dos auxílios gerar uma pressão vendedora significativa neste momento", disse.

Esta é a mesma opinião de Daniel Coquieri, fundador da BitcoinTrade que também pontua o interesse de investidores institucionais no Bitcoin como um pilar que sustentará o preço do criptoativo.

"Eu não vejo isso impactando o preço do Bitcoin até porque eu não acredito que o investidor de criptomoedas, mesmo o de varejo, não é o do tipo que investiu ou investe na poupança, portanto, não acho que eles serão prejudicados pelo fim das políticas de incentivo econômico. O impacto que nós vimos e vamos continuar vendo no preço do BTC está relacionado com os novos investimentos institucionais que estão entrando", disse.

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