O braço militante do Hamas - autoridade governamental de facto da Faixa de Gaza, na Palestina - está usando medidas cada vez mais complexas para frustrar as tentativas das autoridades de rastrear o fluxo de financiamento por criptomoeda. A alegação foi feita por pesquisadores da empresa de inteligência blockchain Elliptic, conforme relatado pela Reuters em 26 de abril.

Como o Cointelegraph noticiou anteriormente em janeiro deste ano, um porta-voz da ala militar do grupo convocou os apoiadores a fazer doações para a organização em Bitcoin (BTC) como uma estratégia para combater o isolamento financeiro.

O isolamento financeiro do Hamas decorre de sua classificação como organização terrorista, no todo ou em parte, por vários países e blocos internacionais - incluindo Estados Unidos e União Europeia. No governo da Faixa de Gaza desde 2007, o Hamas compreende um braço de serviço social “Dawah” e uma facção militante “Brigadas Izz ad-Din al-Qassam”, essa última que iniciou o apelo a captação de recursos de Bitcoin neste ano.

Rússia, Turquia e China estão entre os que não designam o Hamas como uma entidade terrorista.

Segundo a Reuters, a unidade de pesquisa da Elliptic afirmou que as Brigadas al-Qassam adaptaram seu mecanismo de captação de fundos de cripto nas últimas semanas.

Tendo inicialmente solicitado aos colaboradores que doassem para um único endereço de carteira de Bitcoin, o site do grupo agora gera um novo endereço de carteira exclusivo para cada transação de doação.

Considerando que uma determinada carteira cripto pode eficientemente ser sinalizada por autoridades de investigação, a proliferação de múltiplos endereços únicos complica significativamente tais esforços, observa o relatório.

Os dados da Elliptic revelaram que, entre 26 de março e 16 de abril, 0,6 Bitcoin - no valor de cerca de US$ 3.099 no momento desta publicação - foi enviado para as várias carteiras geradas pelo website do grupo. Desde o início de sua campanha, as Brigadas al-Qassam arrecadaram cerca de US$ 7.400, afirma a Elliptic.

Embora a empresa tenha se recusado a divulgar a maioria dos detalhes específicos de suas descobertas, supostamente conseguiu identificar o fluxo de transações desses endereços por meio de duas exchanges cripto sediadas na Ásia e que não tiveram seus nomes revelados. A Elliptic não constatou se a cripto já havia sido convertida em moedas fiduciárias.

Conforme relatado, em fevereiro deste ano, uma empresa de inteligência israelense alegou ter identificado provas de doação em Bitcoins ao Hamas, estimando que cerca de US$ 2.500 em doações foram feitas dentro de dois dias da publicação do primeiro endereço da carteira.