A Caixa Econômica Federal testou com sucesso um sistema de pagamento offline que pode vir a se tornar padrão com o Drex, a moeda digital de banco central brasileira (CBDC) cujo piloto está sendo coordenado pelo Banco Central (BC).
Até agora, foram feitos dois testes, ambos bem-sucedidos. O primeiro foi realizado em junho de 2024 em um ambiente de sandbox e teve como objetivo estabelecer as funcionalidades básicas do sistema utilizando a infraestrutura de uma rede blockchain.
O segundo ocorreu em abril deste ano em São Sebastião de Boa Vista, no Pará, cidade de 25.643 habitantes de acordo com dados do censo de 2022 do IBGE, e mais de sete mil beneficiários de programas sociais. Com muitos habitantes localizados em zonas remotas, a cobertura de internet é insuficiente para que eles tenham acesso ao Pix.
Tecnicamente, o sistema desenvolvido pela Caixa em parceria com a Elo e a Microsoft utiliza uma carteira offline carregada com reais digitais baseados em uma rede blockchain.
“A prova de conceito foi conduzida com dois usuários reais, residentes em uma comunidade ribeirinha próxima ao município de São Sebastião da Boa Vista, e consistiu na realização de uma transação off-line utilizando a solução testada", afirmou Rafael Silva, superintendente regional da Caixa em entrevista ao Valor Econômico.
O teste foi realizado em um comércio local sem acesso à internet, explicou Silva:
“Foi feita a transferência do recurso desse cartão físico para o terminal do comerciante. Depois disso, o comerciante também pode repassar os fundos para outro comerciante ou pessoa física.”
Atualmente, a Caixa atende a população ribeirinha de 26 municípios na região do Amazonas com duas agências-barco. No entanto, elas não oferecem o serviço de saque de dinheiro em espécie por questões de segurança.
“O cidadão tem o cartão, mas se quiser sacar dinheiro precisa ir até uma agência em uma cidade maior, então o dinheiro não circula nessas comunidades ribeirinhas", disse o superintendente.
A Caixa estima que a implementação de pagamentos offline apenas no município de São Sebastião da Boa Vista tem potencial de adicionar R$ 30 milhões ao Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Em paralelo, a Caixa também está envolvida no desenvolvimento de uma solução para negociação de imóveis tokenizados na segunda fase do Piloto Drex.
A empresa participa de um consórcio em parceria com o Banco do Brasil e a SFCoop, uma cooperativa que reúne as empresas de concessão de crédito Ailos, Cresol, Sicoob, Sicredi e Unicred, conforme noticiado pelo Cointelegraph Brasil.