O Banco Central (BC) projeta que pelo menos 20 novos casos de uso do Drex sejam apresentados até a sexta-feira, 29 de novembro, quando se encerra o prazo para envio de propostas a serem testadas na segunda fase do piloto da CBDC (moeda digital de banco central) brasileira.
A seleção das propostas apresentadas será realizada nas próximas semanas. Os novos casos de uso aprovados pelo BC começarão a ser testados no início de 2025. Atualmente, 13 propostas estão sendo testadas no âmbito da segunda fase do Piloto Drex.
Em participação na 5ª reunião do Fórum Drex, evento promovido pelo BC em Brasília, na quarta-feira, 27, durante o G20 TechSprint 2024, Fábio Araújo, coordenador da CBDC, afirmou que o mercado tem se mostrado bastante receptivo à exploração das inovações financeiras potencializadas pela CBDC.
Enquanto a primeira fase do Piloto Drex foi dedicada ao desenvolvimento de soluções de infraestrutura, o foco do BC a partir de agora está centrado na usabilidade e na governança da plataforma.
Governança e novos casos de uso do Drex
À medida que os novos casos de uso desenvolvidos pelos consórcios participantes começam a ser testados na prática na segunda fase do piloto, cabe ao BC estabelecer os padrões de governança do Drex, afirmou Araújo:
“A primeira fase do piloto teve uma governança simples, já que só o Banco Central era responsável pela implementação dos contratos inteligentes e os participantes os testavam. Um ecossistema financeiro precisa que os próprios participantes implementem contratos inteligentes para oferecer serviços, então precisamos estar atentos à governança desses contratos."
Araújo ressaltou que a iniciativa cumprirá todos os requisitos regulatórios e legais atualmente em vigor no sistema financeiro, com respeito às regras de sigilo bancário e à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).
Araújo rejeitou um princípio amplamente disseminado no mercado de criptomoedas, que afirma que “o código é a lei.” O coordenador do Drex afirmou que a normatização de pilares de segurança e privacidade são imprescindíveis para promover inovações em um ambiente regulado:
“A lei é a lei, e o código ajuda a aplicar a lei. Nossa ideia é que, em vez de ter uma governança externa à blockchain para verificar as atividades na plataforma, em um ambiente de DLT [tecnologia de registro distribuído] você incorpore a governança à blockchain para facilitar e simplificar os processos. É uma das grandes promessas da tokenização, simplificar os processos para eliminar intermediários desnecessários.”
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Privacidade do Drex
Clarissa Souza, responsável pela área de Tecnologia da Informação do Drex, revelou que, até o momento, a solução de privacidade desenvolvida pela Microsoft não pôde ser integralmente avaliada.
Embora tenha sido proposto durante a primeira fase do piloto, o Microsoft Nova ZKP ainda está em construção.
Souza explicou que diferentes casos de uso requerem soluções de privacidade específicas. Araújo acrescentou que, à medida que novos casos de uso são propostos e testados, surgem novos desafios a serem superados:
“Em cada caso a gente tem um potencial de uso de privacidade diferente, uma necessidade de maturação do próprio mercado no desenho dos modelos de negócio que possam fazer uso da tecnologia distribuída de uma maneira que explore todo seu potencial.”
O coordenador do Fórum Drex, Rogério Lucca, informou que o relatório da 1ª fase do Piloto Drex está em fase final de elaboração e será divulgado em dezembro. A análise dos resultados da segunda fase, por sua vez, deverá ser divulgada em junho de 2025.
Durante o Fórum Drex foram anunciados os vencedores da quinta edição do G20 TechSprint, conforme noticiado pelo Cointelegraph Brasil.
O evento promovido em conjunto pela presidência do G20 e o Centro de Inovações do Banco de Compensações Internacionais (BIS) premiou projetos de finanças sustentáveis alinhados às prioridades do grupo das maiores potências mundiais, que incluem a mitigação das mudanças climáticas e da degradação ambiental e a redução da pobreza.