O Instituto Locomotiva divulgou nesta quinta-feira (4) uma pesquisa apontando queda na confiança dos brasileiros em relação à inteligência artificial (IA), apesar do avanço da tecnologia no país.
De acordo com os dados coletados pela empresa de pesquisa e inteligência de negócios, 82% dos brasileiros utilizam IA, mas o apoio à tecnologia foi na contramão da adesão entre 2021 e 2025. Nesse caso, áreas como redes sociais, plataformas de streaming e condução de veículos autônomos estão entre os terrenos mais áridos para a IA, quando o assunto é a confiança dos brasileiros.
Segundo o Locomotiva, a direção de veículos autônomos lidera a refração dos brasileiros entre os oito setores pesquisados, já que 24% das pessoas entrevistadas se disseram contra, 51% apoiaram em alguma medida e 25% se mostraram indiferentes. Em 2021, o percentual dos entrevistados manifestaram apoio à IA na direção dos veículos chegou a 67%.
Em relação às redes sociais, a pesquisa realizada com uma amostra aleatória de 1.499 pessoas entre os dias 4 e 8 de julho mostrou que a aprovação recuou de 73% para 57%, de 2021 para 2025. As outras áreas também apresentaram queda no apoio popular à IA, com menor retração, porém acima dos 2,5% da margem de erro. Nesses casos, as áreas e níveis de aprovação foram: atendimento telefônico (61%), sugestões de tratamentos (61%), direcionamento de conteúdo não noticioso (69%), recomendações de filmes (79%), publicidade (67%), recomendação de trajetos em mapas (78%).
Para o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, a pesquisa mostra que a IA “pode ser útil, acessível e transformadora, mas também escancara a urgência de um uso consciente”.
O risco de deixar que a IA pense por nós é de reforçar desinformações, enviesar decisões ou invisibilizar vozes, acrescentou.
Além dos 82% dos entrevistados que responderam já terem usado IA em tarefes pessoas, 96% disseram que conhecem bem ou já ouviram falar, enquanto 57% afirmaram que usam a tecnologia no trabalho. Por outro lado, o levantamento mostrou diferenças de conhecimento de IA entre as classes: 81% nas classes A e B (com renda domiciliar acima de R$ 8 mil), 66% nas classes D e E (com renda abaixo de R$ 2 mil) e 73% no grupo intermediário.
Publicada pela Folha de São Paulo, a pesquisa foi encomendada pelo Instituto Inteligência Artificial de Verdade (IAV), fundado pelo cientista da computação Evanildo Barros Junior e por Álvaro Machado Dias, neurocientista com livre-docência pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e colunista da Folha. O IAV, que tem entre seus apoiadores o apresentador Luciano Huck, divide a tecnologia em “IA de verdade”, para casos de uso positivos, como trabalho e estudo, e “IA de mentira”, para casos que lesam a sociedade, como fake news, golpes e manipulações de imagem.
Argumentando uma “IA de mentira”, a Venezuela acusou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de usar a tecnologia para forjar o ataque a uma embarcação esta semana, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.