Em entrevista concedida ao jornal O Globo, publicada nesta segunda-feira (21), o CEO e fundador da Binance, Changpeng Zhao, o CZ, afirmou que a maior corretora de criptomoedas do mundo está buscando parceiros para viabilizar o lançamento do cartão de débito da corretora no Brasil, o Binance Card.

Segundo ele, a ideia é aumentar a circulação de criptomoedas sem que, necessariamente, os comerciantes aceitem esta forma de pagamento, porque os criptoativos do cartão devem ser convertidos para a moeda em que os estabelecimentos escolherem, com a cotação em tempo real.

A possibilidade de implantação do Binance Card em território brasilieiro está relacionada à necessidade do aumento da circulação de criptoativos defendida pelo empresário. Ele argumentou, por exemplo, que 90% das pessoas compram Bitcoin (BTC) apenas para especulação e apenas 10% usam o criptoativo e outras moedas que criam valor.

O que torna necessário o crescimento da base de usuários, que segundo ele representa apenas 3% da população mundial. Ao mirar para um alvo de 90% de usuários, o que possibilitaria também a redução de taxas, CZ disse que o modelo de negócio é sustentável e lucrativo. Para ele, em 20 ou 30 anos o mundo terá uma geração de criptonativos, uma vez que a geração atual é de imigrantes. 

Ao falar sobre o Binance Card, que foi lançado em julho de 2020 pela corretora no Espaço Econômico Europeu (EEE), CZ disse que a ideia é aumentar a circulação de criptomoedas sem que, necessariamente, os comerciantes aceitem esta forma de pagamento. Isso porque, no ato da compra, os criptoativos do cartão são convertidos para a moeda em que os estabelecimentos escolherem, com a cotação em tempo real.

CZ defende o mercado cripto

O empresário também foi questionado em relação a acusações de crimes de lavagem de dinheiro por intemédio das criptomoedas, o que ele rabateu dizendo que o setor é um universo hostil à este tipo de crime. Mas ele admitiu que o setor ainda não está totalmente maduro para se expandir sem que haja regulamentações e ainda usou a desvalorização de 90% da moeda russa, o rublo, para dizer que as criptomoedas são mais estáveis do que as moedas tradicionais que, segundo ele, tendem a ser extintas. 

Mencionando a assinatura do Memorando de Entendimento (MOU) para a compra da plataforma brasileira Sim;paul Investimentos, ele disse que a Binance pretende atuar em conformidade com a regulação do setor para que o mercado cresça de forma saudável, uma que vez que este é o principal objeto de críticas à Binance, por parte de exchanges brasileiras. Segundo ele, o Brasil é um dos 10 maiores mercados em número de usuários da corretora “apátrida”, que detém 69% das transações globais e teve um faturamento de US$ 14,6 bilhões em tarifas no ano passado.

Ao dizer que a regulamentação do setor ainda está muito incipiente, na medida em que as legislações atuais, em linhas gerais, miram as corretoras, ele lembrou que as finanças descentralizadas (DeFi) concentram 10% do volume transacionado nas plataformas das exchanges e ainda elencou outros mercados de criptoativos, como  EFIs, NFTs, GameFi, SoFi, fan tokens e metaverso para ressaltar que ainda há muita coisa a ser regulamentada. 

CZ também defendeu o mercado de criptomoedas em relação às acusações de utilização de criptoativos para crimes de lavagem de dinheiro. O executivo argumentou que o último relatório da Chainalysis mostrou que em 2021, apenas 0,05% das transações envolvendo criptomoedas foram associadas a atividades ilícitas. O que segundo ele se dá pela capacidade de rastreamento da tecnologia blockchain. Ele frisou que o percentual é bem menor do que os cerca de 2% a 5% do mercado tradicional, usados para atividades ilícitas por meio da economia regulamentada, principalmente com dinheiro em espécie, petróleo e obras de arte. 

Confrontado em relação aos impactos negativos no mercado de criptomoedas diante da guerra entre Rússia e Ucrânia em relação à resistência dos criptoativos em tempos de conflito, CZ lembrou que o rublo russo já se desvalorizou em 90% desde o início dos conflitos e disse que as moedas ditas estáveis, na verdade, não são estáveis. Segundo ele, um dinheiro que não é emitido por nenhum governo, útil para transações transfronteiriças, com oferta limitada, como o Bitcoin e os demais, é uma reserva de valor segura. 

A entrevista de CZ aconteceu durante a passagem do empresário pelo país, marcada por uma intensa agenda de compromissos. Entre eles, a presença no Ethereum.Rio, quando o executivo afirmou que a Binance vai iniciar suas atividades oficialmente no Brasil, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil

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