O roubo de criptomoedas atingiu a marca de US$ 1,9 bilhão somente de janeiro a julho de 2022, segundo levantamento da empresa de análise de blockchain Chainalysis. Este valor representa um crescimento de 60% no número de ocorrências em relação ao mesmo período de 2021.

Este aumento se deve principalmente às técnicas e ameaças cada vez mais elaboradas. Inclusive, o relatório mostra que o roubo de criptomoedas por ciberataques pode ter sido empurrado pela alta nas invasões a protocolos de finanças descentralizadas (DeFi).

Esse tipo de violação ocorre no momento em que usuários tentam substituir as instituições financeiras tradicionais por softwares que habilitam transações diretamente usando blockchain. 

De olho nesta tecnologia, um dos maiores ataques do ano foi realizado em protocolos DeFi: o roubo de, nada mais nada menos, que US$ 625 milhões da rede Ronin do videogame Axie Infinity, em março. Ainda de acordo com o estudo, essa tecnologia ainda é relativamente imatura e possui pontos vulneráveis, o que aumenta o risco de roubo de criptomoedas por ciberataques à rede DeFi.

Ações mais comuns para roubo de criptomoedas

Especialistas da Idwall pontuaram as ações mais comuns no roubo de criptomoedas

  • Phishing: O phishing ainda é uma das estratégias mais usadas pelos golpistas. Por meio de um link malicioso enviado por e-mail, SMS ou mensagem, a vítima pode ser levada a clicar nele e ser redirecionada para sites falsos. Então, quando realizar uma negociação com criptomoeda, o valor provavelmente irá para a conta de um criminoso.
  • Falsas oportunidades: É comum aparecer alguém oferecendo planos mágicos para as vítimas, como por exemplo: deposite X valor na carteira do negociador e você receberá a quantia em dobro depois de poucos dias. Obviamente, após depositar o dinheiro na conta falsa e perdê-lo, você também não conseguirá identificar o fraudador, pois ele usava um perfil falso.
  • Malwares: Os criminosos também usam ataques com malwares com o objetivo de realizar o roubo de criptomoedas. Esse tipo de golpe pode substituir páginas de empresas de criptomoedas legítimas, levando a vítima a versões falsas controladas pelos golpistas. 
    Também é possível obter as chaves de acesso das vítimas às suas carteiras de moedas ou até desviar recursos computacionais do sistema da pessoa fraudada para minerar criptos, sem que o usuário tenha conhecimento.
  • Sequestro de informações: Outra prática comum é quando o criminoso exige um pagamento para devolver informações sequestradas dos usuários. Normalmente, os golpistas pedem que esse valor de resgate seja pago via criptomoedas inclusive, já que evita o rastreio da fonte a receber o dinheiro e dificulta a identificação dos autores do roubo.

Roubo de criptomoedas

Segundo a Idwall, os cibercriminosos seguem se aperfeiçoando e sofisticando seus ataques de modo a encontrar e explorar quaisquer vulnerabilidades, principalmente quando se trata de enganar os usuários.

"Por isso, as empresas do mercado de criptomoedas devem investir em ferramentas e soluções para conhecer melhor todos os usuários presentes na sua carteira de clientes, identificando os riscos por trás de cada pessoa aprovada para abrir uma conta e entrar na plataforma", afirma a empresa.

Além disso, o aumento da robustez de sistemas e técnicas criptográficas, o uso de tecnologias e mecanismos digitais emergentes ­- como IA e blockchain - em aplicações de segurança, e a introdução de arquiteturas de segurança nativas, como parte da computação e arquiteturas de negócios, são avanços importantes que devem fortalecer o combate aos crimes digitais.

"A maioria dos desenvolvimentos atuais relevantes para a segurança cibernética para fins comerciais são incrementais e não disruptivos", analisa Raul Colcher, membro do Instituto de Engenheiros  Eletricistas e Eletrônicos (IEEE).

Para os próximos anos, Colcher prevê a apropriação de tecnologias de computação quântica para aplicação em soluções de segurança, o que deve aumentar drasticamente a proteção contra invasões e outras atividades criminosas.

"Os estágios de desenvolvimento que têm sido relatados em centros avançados em países como Estados Unidos, China, Japão, Alemanha e Israel parecem indicar que tais tecnologias podem, de fato, estar disponíveis dentro de um horizonte de cinco anos, pelo menos em suas formas pioneiras".

O crescente número de invasões cibernéticas em corporações privadas e organizações públicas em todo o mundo criou um elemento crucial para o combate a essas fraudes digitais, segundo Colcher: o aumento da conscientização por parte de gestores sobre a importância de fortalecer o nível de informação e conhecimento da força de trabalho sobre essas questões.

"Quanto mais conscientização das pessoas para o problema, maior a possibilidade de se criar um ambiente mais seguro."

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