A crescente digitalização da vida cotidiana, aprofundada ainda mais pela pandemia do Covid-19, faz com que as pessoas passem cada vez mais tempo conectadas a dispositivos móveis ou diante de telas de computador, mas quando se trata de investimento financeiro velhos padrões ainda predominam no Brasil, revelam os resultados da quinta edição da pesquisa "Raio X do Investidor Brasileiro", realizada pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) em parceria com o Datafolha.

Em primeiro lugar, para a maioria da população poupar dinheiro com foco na preservação e na ampliação do patrimônio no médio e longo prazos não é um hábito comum. Especialmente por conta de dificuldades financeiras. Apenas 31% da população têm o privilégio de poder dispor de parte de sua renda mensal para investimento em produtos financeiros.

Embora o conservadorismo prevaleça entre os investidores de todas as faixas etárias, as criptomoedas vêm ganhando cada vez mais a atenção da população mais jovem.

Criptomoedas em ascensão

Os dados da pesquisa mostram que as criptomoedas tiveram a preferência de 2% dos investidores brasileiros em 2021, o equivalente a 4,3 milhões de habitantes, de acordo com projeção do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Aqueles que declararam ter realizado investimentos nesta nova classe de ativos praticamente dobrou no período de um ano e já é proporcionalmente igual ao de brasileiros que investem no mercado de ações. Em 2020, 1,1% dos pesquisados afirmou investir em criptoativos.

A poupança segue sendo a modalidade preferencial de investimento dos brasileiros, apesar de ter acumulado rendimento negativo no ano passado, quando descontada a taxa de inflação.

Em 2021, o rendimento da poupança foi de 2,48%, enquanto o índice oficial de inflação no acumulado do ano, segundo o IBGE, somou 10,06%. Mesmo assim, 23% dos investidores optaram por manter suas economias na poupança.

A título de comparação, o Bitcoin (BTC) fechou 2021 com valorização de 71,37%, e o Ethereum (ETH), a segunda maior criptomoeda em termos de capitalização de mercado, acumulou ganhos de 435,09% ao longo do ano passado, de acordo com dados do CoinMarketCap.

Embora mantenha-se muito a frente de outras modalidades de investimento, houve uma redução de 6% do contingente de investidores que optou pela poupança em 2021 em relação ao ano anterior. Em 2020, 29% dos investidores brasileiros realizaram aportes na poupança.

Naturalmente, os criptoativos são mais populares entre os investidores mais jovens. Os integrantes da Geração Z (16 a 25 anos) e os Millenials (26 a 40 anos) são os principais adeptos dos ativos digitais. Respectivamente, 5% e 4% dos investidores destas faixas etárias afirmaram possuir investimentos em criptoativos, superando os 3% de ambas as gerações que dizem investir em ações.

A proporção vai decrescendo à medida que a idade dos investidores aumenta. Entre os integrantes da Geração X (41 a 60 anos), apenas 1% possui criptoativos em seus portfólios. E de 61 anos em diante, os ativos digitais são ignorados até mesmo como alternativa de diversificação.

Postura conservadora

No entanto, uma atitude conservadora de minimização total de riscos segue predominando entre os investidores brasileiros, mesmo entre os mais jovens. Ao mesmo tempo que a Geração Z assume maiores riscos com investimentos em criptomoedas e ações, também nesta faixa etária concentra-se o maior número de pessoas que deixa o dinheiro parado em casa ou embaixo do colchão – 4%. Aqueles que investem na poupança somam 14%.

Ao contrário do que acontece com os criptoativos e as ações, à medida que a faixa etária dos investidores aumenta, cresce também a proporção daqueles que optam por aplicar suas economias na poupança: 23% dos Millenials, 27% da Geração X e 28% entre os Boomers (61 a 75 anos).

Confira na tabela abaixo o quadro completo delineando o perfil do investidor brasileiro de acordo com a faixa etária e as diferentes modalidades de investimento.

Fonte: Raio X do Investidor Brasileiro (Anbima/Datafolha)

Projeção para 2022

A pesquisa também questionou os investidores sobre os produtos financeiros que pretendem continuar utilizando ao longo deste ano. Pelas projeções, é possível que o contingente de investidores de criptoativos dobre mais uma vez: 4% dos entrevistados afirmaram que vão manter suas posições ou realizar novos aportes nesta classe de ativos em 2022.

Dados coletados pela pesquisa indicam que a proporção de investidores que optam pelo mercado acionário deve ter um crescimento idêntico, chegando também a 4% do total.

Ainda de acordo com os dados consolidados pelo "Raio X do Investidor Brasileiro 2022", investimentos em poupança devem manter-se estáveis, mantendo a preferência de 23% dos entrevistados.

A 5ª edição do "Raio X do Investidor Brasileiro" ouviu 5.604 pessoas nas cinco regiões do país, acima de 16 anos, entre 9 e 30 de novembro de 2021. Pela primeira vez, o levantamento incluiu integrantes das classes D e E. Até então, a amostra se limitava às classes A, B e C.

Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, o volume de negociação de Bitcoin cresceu 417% no Brasil em 2021, e movimentou R$ 417 bilhões.

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