O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) condenou o atacante do Santos Willian Bigode e outros quatro réus a ressarcirem em R$ 4,5 milhões o jogador Mayke e a esposa dele, Rayanne de Almeida, por intermediarem os investimentos do lateral-direito do Palmeiras na plataforma de investimentos em criptomoedas Xland, através da agência WLJC, de propriedade de Bigode e outras duas sócias.
De acordo com a decisão do juiz Christopher Roisin, a qual ainda cabe recurso, o jogador do Verdão tem direito ao ressarcimento do valor investido na Xland, R$ 4.583.789,31. No entanto, o magistrado negou o pedido da defesa de Mayke de receber o rendimento prometido pela plataforma de criptomoedas, nesse caso de R$ 3.250.443,30. Montante que poderia elevar a indenização para 7.834.232,61, caso Roisin não tivesse considerado nulo o contrato de investimento celebrado por Mayke e a esposa dele.
“Reconhecida a existência de fraude, é necessário declarar a nulidade do contrato celebrado entre partes, com o retorno delas ao estado anterior que impõe o ressarcimento dos aportes com correção monetária e juros moratórios desde o desembolso, admitida a compensação com os rendimentos resgatados”, justificou o juiz na sentença.
Christopher Roisin ainda destacou o que qualificou como falta de cautela por parte das vítimas, Mayke e Rayanne, ao assinarem o contrato com a Xland.
“A rigor, ambas as partes agiram em fraude à lei. O consumidor que pretendeu realizar investimento de risco com garantias inverossímeis de retorno para multiplicar seu patrimônio, ainda que por orientação negligente e imperita da consultoria financeira e a ré Xland que desenvolveu estrutura contratual para se livrar dos controles do mercado financeiro, realizando investimento de terceiros em seu nome, sem o cumprimento dos princípios que governam o mercado de capitais”, explicou.
Em nota ao Globo Esporte, a representação de Willian Bigode disse que o juiz cometeu “violento atentado à dignidade da advocacia" por considerar “desnecessárias” as contestações apresentadas pela defesa do jogador.
“Assim, seguimos convictos acerca da ausência de responsabilidade de Willian, sobretudo porque ele também é vítima e não recebeu nenhum valor. Iremos recorrer da sentença, na certeza de que o Tribunal de Justiça no exercício de sua competência, promoverá as correções dos graves equívocos cometidos pelo referido Juiz de primeira instância”, disse o advogado Bruno Santana.
Outro lesado pela Xland após intermediação da WLJC, o meio-campista Gustavo Scarpa, que atualmente joga no Atlético Mineiro e que também é autor de uma ação contra Bigode, comemorou a vitória de Mayke e aproveitou para alfinetar o atacante santista, ex-companheiro dele no Verdão. Em tom de ironia, o jogador do Galo disse que segue orando, já que, na época, Bigode disse nas redes sociais que “agora é orar, Scarpinha”.
“Uma coisa que me deixa decepcionado demais é ver pilantra usando o nome de Deus para justificar as suas pilantragens… Seja homem e assuma suas responsabilidades. Seja homem e assuma seu BO”, publicou Scarpa no Instagram.
No final de novembro, a Justiça também manteve o bloqueio de 30% do salário de Willian Bigode para ressarcimento de Mayke, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.