A carteira autocustodial Chainless vai implementar uma atualização multi-chain em 21 de novembro, ampliando a oferta de tokens disponíveis para negociação em sua plataforma.
Originalmente construído na Polygon (POL), o aplicativo da startup brasileira Notus Labs agora integra outras seis blockchains em sua infraestrutura de compra e venda de criptomoedas.
A expansão inclui a rede principal da Ethereum (ETH), as soluções de camada 2 Base, Arbitrum (ARB) e Optimism (OP), a Avalanche (AVAX) e a Binance Smart Chain (BSC).
Após a atualização, bastará realizar um depósito em reais via PIX para ter acesso imediato à negociação de uma ampla gama de ativos em pares com a USD Coin (USDC) ou o BRZ, uma stablecoin atrelada ao real.
O Chainless utiliza o padrão ERC-4337 de abstração de contas, permitindo que os usuários depositem, saquem e negociem criptomoedas baseadas em diferentes redes através de uma interface unificada.
A nova versão do Chainless incorpora o conceito de “chain abstraction” (abstração de redes). Quando o usuário opta pela compra ou venda de um determinado ativo, o aplicativo gerencia automaticamente o processo, escolhendo a rede e a exchange descentralizada (DEX) que oferecem o melhor preço.
As taxas de gás podem ser pagas com BRZ ou USDC, eliminando a necessidade de o usuário possuir o token nativo da rede onde a transação está ocorrendo.
“Quando decidimos desenvolver a versão multi-chain do aplicativo, era claro para nós que teríamos que manter esse padrão de experiência simples e intuitiva para o usuário final", afirmou Kevin Voigt, CEO da Notus Labs, em entrevista ao Cointelegraph Brasil.
Os usuários do Chainless “não precisarão saber ou sequer perceber em que rede estão operando", explicou Kevin. “Além de não interagir diretamente com seed phrase e outros atritos comuns à experiência dos usuários da Web3 que o Chainless abstrai.”
O objetivo que vem norteando a Notus Labs no desenvolvimento do produto desde a sua concepção original é oferecer aos usuários uma experiência similar à de exchanges centralizadas, com o benefício da autocustódia e a integração com o ecossistema de DeFi (finanças descentralizadas).
A versão beta do Chainless foi lançada em julho deste ano, durante o Blockchain Rio e desde então já ultrapassou a marca de 1.000 usuários ativos, afirma Kevin. No momento, o aplicativo só pode ser acessado mediante convites de membros da comunidade ou da inscrição em uma lista de espera.
Assim como novos recursos continuarão sendo adicionados ao aplicativo gradualmente, incluindo outras redes e o acesso a protocolos DeFi de staking e renda passiva, a ideia é que a base de usuários seja ampliada em torno da comunidade inicial do Chainless, explica Kevin:
“Nossa estratégia tem sido fazer o on-boarding no aplicativo de forma cuidadosa para poder lidar de forma individualizada com eventuais casos de instabilidade, oferecendo o suporte e o cuidado necessários.”
Desde que foi disponibilizado para o público, o aplicativo atraiu usuários que compartilham um interesse comum pela autocustódia e, por isso, estão engajados em contribuir para o aprimoramento de seus recursos e funcionalidades, afirma Kevin:
“A comunidade entende que o aplicativo é uma opção mais segura do que uma exchange centralizada, oferecendo proteção contra riscos de contraparte, como falência, judicialização, hacks. Além disso, são usuários que entendem os benefícios de operar através de uma carteira autocustodial, como por exemplo para acessar nichos emergentes do mercado, que costumam ter menor liquidez.”
Os leitores do Cointelegraph Brasil podem obter prioridade de acesso ao Chainless através do código GMLHT.
Notus Labs na Avalanche Hacker House
Grande parte da atualização do Chainless foi desenvolvida durante uma imersão de três meses da equipe da Notus Labs na Avalanche Hacker House, em Buenos Aires, na Argentina.
A empresa brasileira foi uma entre quatro empresas do continente americano selecionadas para participar da iniciativa que visa integrar de forma mais efetiva a Avalanche ao ecossistema de criptomoedas da região, a partir da Avalanche9000, a maior atualização da história da rede de contratos inteligentes.
Além da infraestrutura e do suporte técnico fornecidos pela Avalanche, Kevin destaca como um dos pontos altos da experiência a oportunidade de compartilhar experiências sobre tecnologia, negócios e oportunidades com construtores de outros países do continente.
Kevin afirma que na Argentina as criptomoedas estão mais integradas ao cotidiano das pessoas do que no Brasil. Deixaram de ser apenas uma alternativa para dolarização do patrimônio para se tornarem uma solução de pagamento efetiva, observa o CEO da Notus Labs:
“O uso de criptomoedas para pagamentos é bastante comum em Buenos Aires, enquanto no Brasil, os casos de uso estão mais associados a investimentos financeiros e avanços institucionais, como o Drex e a tokenização de ativos.”
Enquanto isso, a adoção segue em alta no Brasil, conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil. Em setembro, pela primeira vez na história, os brasileiros movimentaram mais de R$ 100 bilhões em um mês com negociações de compra e venda de criptomoedas, de acordo com os dados da Receita Federal.