Em novembro de 2020 o Bitcoin iniciou um movimento de alta que culminou com o preço do BTC superando os US$ 42 mil em janeiro deste ano.
Contudo, após atingir um novo recorde em seu preço o BTC viu seu valor recuar abaixo de US$ 30 mil.
Desta forma investidores passaram a questionar qual seria o próximo movimento do preço do BTC e se a valorização atual era uma bolha ou uma tendência de mercado apenas enfrentando um momento de correção.
Segundo Filipe Pires, chefe de análise econômica do Alter, um dos primeiros bancos digitais integrados com criptoativos no Brasil, uma série de fatores levaram o Bitcoin a atingir um valor acima de US$ 42 mil.
Contudo não esta claro se este conjunto de fatores permanecerá em 2021 já que eles são específicos com o sentimento e o contexto do mercado.
De acordo com Pires, no criptomercado, as tendências mudam em alta velocidade quando comparado à estrutura centralizada e altamente regulada do mercado financeiro tradicional. Isso o torna mais passível a alterações de rumo, até então, imprevisíveis.
"A corrida dos investidores para ativos metálicos (como o ouro) em busca de reserva de valor em momentos de maior incerteza econômica é, historicamente, comprovada. Já o desvio para criptomoedas é algo novo", disse.
Bitcoin
Desta form, segundo ele, o sincronismo entre quatro fatores (três macroeconômicos e outro estrutural), possivelmente, ajudaram o BTC a se destacar entre ativos mais conhecidos pelo investidor nesse período.
"Entre os fatores macroeconômicos, tanto a elevada (e contínua) injeção de liquidez pelos bancos centrais no mercado mundial quanto a manutenção das taxas de juros próxima às mínimas históricas forçaram os investidores a buscar em ativos com baixa correlação ao dólar a proteção contra desvalorização de moedas fortes e possível alta da inflação em seus mercados", argumento.
Além disso, o especialista destaca o aumento do market cap do ouro como reserva de valor.
No entanto, Pires afirma que enquanto o ouro subia de preço e as principais economias recebiam um volume extraordinário de dinheiro novo (algo em torno de US$ 14 trilhões somente em 2020), o Bitcoin passava pelo seu halving e então o número de novos bitcoins em circulação caia pela metade.
O especialista também pontua que em 2020 grandes investidores institucionais (como MicroStrategy, Stone Ridge e Guggenheim Fund) iniciaram alocação de parte do excesso de liquidez do mercado em BTC, enquanto outros investidores relevantes aumentaram suas posições (caso da Grayscale, com mais de US$ 20 bilhões alocados em seu Bitcoin Trust).
"Fato é que o cenário de pandemia, sincronizado com a alta do ouro e o halving, geraram as condições de mercado perfeitas para testar a resiliência do Bitcoin como reserva de valor e proteção contra incertezas econômicas" afirmou.
Vai cair ou vai subir?
No entanto embora as características apresentadas por Pires não se repetiram em 2021 o analista aponta que três fatores podem sugerir que não haverá uma inversão na tendência de alta do Bitcoin
- Governos continuam com seus planos de auxílio emergencial contra o impacto da pandemia, cuja mais provável consequência será a injeção de outros novos trilhões de dólares no mercado;
- Apesar do início das campanhas de vacinação servirem como luz no horizonte, há vários fatores que podem atrasar a imunização coletiva em diversos países, entre eles uma possível segunda onda de variantes do primeiro vírus, o que já acomete alguns grandes centros. Isso impactaria a recuperação econômica e setores de empresas listadas em bolsa;
- Especialistas afirmam que para o market cap de BTC atingir 10% do ouro, o Bitcoin deverá estar mais próximo dos US$ 155 mil. Isso equivale ao upside de mais de 280% em relação à máxima histórica de US$ 40 mil, alcançada ainda em janeiro de 2021.
- "Portanto, tal análise indicaria que, possivelmente, não se trata de uma bolha e, provavelmente, parte relevante do cenário de 2020 ainda será mantido em 2021", afirma.
Correlação entre Índice Dólar (DXY) e BTC - Fonte: KAIKO Research, dezembro de 2020.
Dólar e Bitcoin
Além disso, o especialista aponta que o valor do Bitcoin aumentou à medida que a oferta de moeda e as expectativas de inflação aumentaram, diante de um cenário de juros baixos, amplificado pelo repasse da alta do custo de mineração após o halving.
Ao mesmo tempo, o dólar se desvalorizou para o valor mínimo em vários anos, resultando em uma correlação inversa entre este e o BTC (principalmente a partir de junho de 2020).
Portanto, segundo ele, é possível que o Bitcoin continue imprimindo lucro a seus usuários se ele conseguir manter um 'distanciamento' da correlação com ativos tradicionais.
"É possível. Ao menos enquanto o Bitcoin mantiver seu patamar de desconto em relação ao ouro e sua correlação negativa com os demais ativos", finaliza.
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