A disputa pelo mercado de stablecoins lastreadas no real está cada vez mais acirrada com o crescimento do volume diário de negociação do BRLA Digital (BRLA).
Na semana passada, a stablecoin foi listada na CoinGecko, um dos principais agregadores de dados de mercado de criptomoedas. Desde então, com uma média de R$ 820 mil negociados diariamente, o BRLA já ocupou a lidenrança do ranking de volume diário negociado em algumas ocasiões, à frente do BRZ, emitido pela Transfero.
Nas últimas 24 horas, o BRLA movimentou R$ 873,6 mil, comparado aos R$ 900,9 mil transacionados pelo BRZ, de acordo com dados da CoinGecko.
O volume negociado é o parâmetro mais adequado para medir a competição no setor, visto que não há dados disponíveis sobre a capitalização total de mercado do BRZ na CoinGecko.
Atualmente, o BRLA soma R$ 3 milhões em capitalização de mercado, uma marca alcançada em pouco mais de um ano de operação.
Em uma entrevista exclusiva ao Cointelegraph Brasil, Matheus Moura, CEO da BRLA Digital, contou que antes do lançamento da emissora de stablecoins, os fundadores eram sócios em uma gestora de ativos digitais sediada no exterior.
Diante das dificuldades enfrentadas para realizar operações em real, eles vislumbraram uma oportunidade de mercado, disse Moura:
"Sofremos muito com a interação com o real como empresa offshore, e entendemos que a tecnologia blockchain poderia resolver isso."
Após a sanção presidencial da Lei das Criptomoedas, em dezembro de 2022, os fundadores abriram a empresa, seguindo as diretrizes recém-estabelecidas de responsabilidades e obrigações de Provedores de Serviço de Ativos Virtuais (VASPs). "Foram meses dedicados a compliance e adequação regulatória e tecnológica antes de lançar o produto", afirmou Moura.
O primeiro cliente foi captado em agosto de 2023, disse o CEO da BRLA Digital. "Hoje facilitamos as operações de 20 clientes, atingimos o breakeven e enxergamos muitas oportunidades pela frente."
Breakeven é um termo usado no ambiente empresarial para designar o ponto de equilíbrio financeiro de uma empresa ou projeto. É o momento em que as receitas totais passam a cobrir todos os custos de uma determinada operação.
Atualmente, a carteira autocustodial e plataforma de negociação de criptomoedas PicNic, o protocolo Moonbeam (GLMR), baseado na Polkadot (DOT), a tokenizadora de ativos do mundo real (RWA) Ribus, e as exchanges Coins.ph e Changelly estão entre as empresas que adotaram o BRLA.
Moura atribui o crescimento do BRLA a três pilares que considera fundamentais para o sucesso de uma stablecoin: segurança, usabilidade e liquidez.
"Para atingirmos a marca atual, que tem tudo a ver com a liquidez do ativo, tivemos que trabalhar duro nos dois primeiros quesitos", afirmou Moura. "Nossas reservas ficam 100% em reais, depositadas em bancos de primeira linha e investidas com risco Tesouro SELIC."
As reservas dos R$ 3 milhões em circulação do BRLA estão garantidas por R$ 3,7 milhões em ativos. A maior parte, R$ 3,1 milhões, está atrelada a títulos do Tesouro Brasileiro de alta liquidez atrelados à taxa Selic. O restante está vinculado a depósitos em dinheiro.
As informações são públicas e foram verificadas pelo Cointelegraph Brasil em um relatório de auditoria assinado pela UHY Bendoraytes & Cia, datado de 31 de agosto de 2024.
"Atualmente, o BRLA é a única stablecoin atrelada ao real que tem suas reservas asseguradas mensalmente por uma empresa de auditoria", afirmou Moura.
O desenvolvimento do produto teve como foco a criação de APIs robustas com integração ao Pix, permitindo que os usuários B2B e seus clientes tenham acesso ao BRLA instantaneamente, a partir de transferências bancárias.
Com foco na segurança e na usabilidade, a BRLA Digital atraiu a liquidez de DEXs (exchanges descentralizadas), protocolos criptonativos e arbitradores, impulsionando tanto o valor total bloqueado (TVL) quanto o volume negociado do BRLA, afirmou Moura:
"Para nós é essencial estarmos próximos das empresas criptonativas, incluindo as próprias Layers 1 e 2 que atuam como um hub de conexão entre o BRLA e essas empresas."
A BRLA Digital oferece ainda serviços de contas em BRLA para empresas e pagamentos internacionais.
"Estamos muito satisfeitos de em tão pouco tempo a BRLA Digital ter se consolidado como a principal stablecoin lastreada no real brasileiro, mas queremos seguir conquistando espaço no mercado de stablecoins atreladas ao real", afirmou Moura. "No nosso caso, isso significa integrar novas redes e tokens pareados ao BRLA, além, é claro, de novos trilhos de moedas fiduciárias de outros países."
Após a consolidação no Brasil, a BRLA Digital planeja a expansão de suas operações no mercado internacional, revelou Moura:
"Precisamos continuar inovando em termos de produto para que cada vez mais transações internacionais sejam feitas através de stablecoins, pois, hoje, esse ainda é um mercado muito pequeno."