O Inquérito Policial aberto pela Polícia Civil do Paraná por conta do Boletim de Ocorrência 2019/617763 e pela Notícia Crime nº 2019.042309.000, ambos abertos pelo Grupo Bitcoin Banco e que procuravam esclarecer o suposto ataque hacker ocorrido na empresa e que teria ocasionado a crise nos saques do GBB, conclui que não é possível dizer que houve qualquer ataque na empresa.

"Considerando que a investigação iniciada carece de qualquer prova documental das alegações de fraude. (....) Considerando as dezenas de incongruências já averiguadas: número de clientes que alegam terem seus fundos retidos pelo grupo; baixo valor da suposta fraude denunciada, frente ao volume de negócios das empresas e à dívida efetivamente apurado pelo administrador judicial (...) entendo o pedido de arquivamento é a medida que se impõe", conclui a decisão.

Desta forma, segundo a Polícia, após toda a investigação realizada não é possível determinar que houve qualquer tipo de ataque hacker ao GBB e que o Grupo vem usando da investigação como uma forma de obter benefícios.

"Considerando, por fim, que o elastecimento desnecessário da presente investigação apenas e tão somente favorece aquele grupo econômico, permitindo que estes logrem diversas benesses legais sob o anteparo desta mesma investigação", diz a decisão pedindo seu arquivamento.

Polícia identifica incongruências nas alegações do GBB

Após receber a denúncia sobre o ataque hacker no GBB a Polícia passou a ouvir todos os envolvidos com o caso, contudo, ao invés de um esclarecimento sobre a situação em que o ataque hacker teria ocorrido, os depoimentos dados pelo GBB revelaram incongruências, segundo a Polícia.

""... as extensas declarações (...) não foram satisfatoriamente congruentes. De fato, por vezes até contraditórias, não sendo raras as ocasiões em que um declarante imputar a responsabilidade ou ciência da questão levantada para  o outro", afirma a Polícia.

Visando sanar esta contrariedades e detalhes obscuros com relação ao alegado ataque a Polícia pediu uma série de explicações ao GBB, contudo, nenhuma delas foi respondida.

"Não fora recepcionada nenhuma contestação por parte da empresa requerente! (...) como apontado acima, ademais da absoluta ausência de manifestação por parte das empresas noticiantes, no que toca à juntada do material probante de suas alegações existem outros elementos que não se encaixam na narrativa fática", destaca o inquérito.

Mesmo que ataque fosse verdadeiro não teria prejudicado o GBB

A Polícia detalha ainda uma série de contradições e elementos não se encaixam na narrativa apresentada pelo GBB e que, mesmo que o ataque tivesse ocorrido, ele não teria conseguido impedir o GBB de continuar honrando o compromisso com seus clientes.

"Claudio José de Oliveira aduziu que o prejuízo teria sido algo em torno de R$ 30 milhões e mais ou menos uns 1 mil Bitcoins. Ocorre que esse prejuízo total, cerca de R$ 60 milhões não teria o condão de infirmar a saúde financeira do grupo, impedido o pagamento dos clientes por tão largo período"

Em seus depoimentos os integrantes do GBB teriam revelado a Polícia ter uma carteira com 20 mil Bitcoins, contudo, também foi informado à polícia que clientes teriam sido pagos, auditorias feitas, mas, nada foi entregue à polícia.

"Com efeito é possível verificar uma completa falta de veracidade em muitas de suas afirmações", diz o inquérito.

Fechamento da Conta no Banco Plural

No inquérito o GBB também alegou que uma dos problemas que causaram o atraso nos pagamentos foi o fechamento de suas contas nos bancos tradicionais, principalmente a conta no Banco Plural.

No entanto, embora a Polícia tenha confirmado o fechamento das contas e a dificuldade em obter os recursos custodiados nas instituições financeiras, destacou que isso em nada impediria o pagamento dos clientes.

"Esse detalhe, por si só, caracteriza de forma hialina a má-fe dos administrador do grupo (...) Deveriam ter permitido saque para outras carteiras, afinal, como restou veemente afirmado pelas Declarações de seu proprietário, a liquidez era absoluta"

O documento da Polícia ainda traz outras informações sobre o inquerito instalado para averiguarr o suposto ataque hacker, como, por exemplo a impossibilidade de qualquer pessoa externa ao GBB identificar o que realmente ocorreu no caso citado.

"Desgraçadamente, cosoante alhures foi verificado, o dono do Grupo Bitcoin Banco, foi taxativo em afirmar que o Laudo da EY não traria os culpados pelo golpe, mas que ele (Cláudio José de Oliveira) sabe quem são apenas através de sua investigação interna.

Urge gizar que tal declaração é deveras preocupante (...) porquanto o Grupo Bitcoin Banco não goza de reputação ilibada. É parte ré em centanas de ações cíveis e possui uma investigação criminal em desfavor de seus Representantes Legais, tramitando nesta unidade"

Procurado pelo Cointelegraph, o Grupo Bitcoin Banco não se manifestou até a publicação desta reportagem. Assim que a resposta for encaminhada a matéria sera atualizada.

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