A startup brasileira Absense anunciou esta semana o desenvolvimento de uma plataforma voltada à criação de testamento digital baseada em blockchain, a ser lançada no mercado no primeiro trimestre de 2025.
A empresa informou que a plataforma é intuitiva e de fácil navegação, permitindo ao usuário inserir, modificar ou excluir informações em tempo real e sem limitações. Processo que contrasta com a burocracia e complexidade dos métodos tradicionais de testamento, oferecendo uma alternativa digital segura, fluida e respaldada pela tecnologia blockchain.
A plataforma, que deve iniciar com um modelo de assinatura mensal a partir de R$5,90 e com previsão de novos serviços e produtos, tem como objetivo transformar o legado pessoal em uma experiência digital que preserve tanto bens físicos quanto ativos digitais, como contas em redes sociais e outras memórias virtuais. Foi o que explicou o sócio da Absense Vinicius Chagas, que participou de um programa de aceleração da Microsoft, onde ele e outros membros da empresa tiveram acesso a ferramentas avançadas e recursos que potencializaram o desenvolvimento das soluções da startup.
Ele salientou que a plataforma consegue resolver problemas de confiabilidade e autenticidade de documentos digitais, permitindo que testamentos e outros registros de legado sejam armazenados de forma segura e imutável. Segundo ele, a digitalização desse processo não só agiliza os trâmites, como também abre caminho para inovações no gerenciamento de ativos digitais, por exemplo, uma transferência automática de propriedade de mídias sociais após o falecimento.
Leonardo Cotta Pereira, advogado e sócio na Absense, explicou seu funcionamento no âmbito jurídico:
“O produto do Testamento Digital oferecido nada mais é do que a modalidade de testamento particular prevista no artigo 1.876 e seguintes do Código Civil, com o preenchimento de todas as formalidades exigidas, revestidas das ferramentas digitais aceitas pelos tribunais brasileiros para conferir sua validade e eficácia”.
Segundo a Absense, a empresa focada na democratização do testamento digital adota a blockchain desde a sua fundação, em 2019. Porém, as raízes que resultariam na startup começaram a se formar há quase 15 anos pela especialização do CEO e fundador da Absense, Paulo Silvestre Junior. Após vivenciar uma perda familiar em que o testamento foi realizado de forma manual, Paulo identificou a oportunidade de desenvolver uma solução que minimizasse o impacto emocional e protegesse os desejos dos envolvidos.
"A empresa nasceu para garantir que as últimas vontades sejam respeitadas sem burocracia excessiva. Queremos que o processo seja seguro e intuitivo, preservando tanto bens materiais quanto memórias e legados digitais, para que cada um possa cuidar do futuro daqueles que ama", contou.
Esse mês, o Colégio Notarial do Brasil - Conselho Federal (CNB/CF) também revelou que mais de oito mil Diretivas Antecipadas de Vontade (DAVs), popularmente conhecidas como Testamento Vital, foram registradas em cartórios de notas do país, por meio do e-notoriado, plataforma que usa a blockchain do Hyperledger Fabric, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.