A plataforma brasileira de negociação de criptomoedas e carteira autocustodial, PicNic, foi uma das contempladas na primeira temporada do "Community Grants Program" da Polygon (MATIC).

Os desenvolvedores do PicNic receberão recursos do Tesouro da Comunidade da Polygon para expandir as operações da plataforma no mercado europeu.

O programa de incentivo aos desenvolvedores do ecossistema da Polygon, anunciado em 11 de junho, vai distribuir 35 milhões de tokens MATIC aos projetos selecionados – o equivalente a aproximadamente US$ 16,5 milhões a preços atuais de mercado.

João Ferreira, cofundador do PicNic, disse ao Cointelegraph Brasil que a concessão do grant para lançamento da plataforma na Europa é um reconhecimento às inovações do produto:

"Estamos explorando uma nova fronteira, construindo um produto inovador cujo crescimento no Brasil revela que o PicNic tem um grande potencial de mercado e expansão, e o lançamento no mercado europeu já estava no nosso foco. A comunidade da Polygon reconheceu isso e nós fomos contemplados."

Construído na blockchain da Polygon, o PicNic utiliza o padrão ERC-4337 de abstração de contas para a criação e gestão de carteiras autocustodiais. Em vez de depender de chaves privadas para assinar transações, o padrão ERC-4337 viabiliza o uso de contratos inteligentes para o gerenciamento dos fundos disponíveis.

Embora o processo subjacente seja complexo, a experiência do usuário final é bastante simplificada em comparação com carteiras de criptomoedas como a MetaMask e a Phantom.

"O fato de hoje o PicNic ser um dos players mais relevantes do mercado no ecossistema de abstração de contas, especialmente ao integrar DeFi (finanças descentralizadas) à abstração de contas, posicionou a Polygon como uma das redes mais relevantes desse nicho do mercado de criptomoedas", afirmou Ferreira.

Recentemente, a plataforma expandiu suas operações para oito blockchains, permitindo a negociação de mais de 8.000 criptomoedas.

PicNic na Europa

A entrada no mercado europeu fazia parte do roadmap do PicNic, pois a equipe do projeto identifica que há demanda por este tipo de produto entre os usuários locais.

"Nossa ideia na Europa é buscar assimetrias de mercado, focando em países em que o acesso a exchanges de criptomoedas é limitado. Nosso produto é baseado em autocustódia, então nos parece que há boas oportunidades de atrair usuários desses lugares", afirma Ferreira.

O mercado português será utilizado como laboratório para o lançamento do PicNic na Europa, visto que a plataforma é familiar à comunidade de criptomoedas local devido à conexão cultural com o Brasil

Além disso, o sistema bancário e o ambiente regulatório na região permitem a reprodução do modelo operacional do PicNic que vem fazendo sucesso no Brasil, explica João:

"A Europa tem uma estrutura bancária muito boa, comparável à do Brasil, e há facilidades para transferir euros de uma conta bancária para euros on-chain."

O PicNic vai utilizar a infraestrutura da Monerium, emissora da stablecoin atrelada ao euro EURe, para as suas operações na Europa. Ferreira destaca que o EURe foi a primeira stablecoin a receber o status de e-Money. Com isso, oferece garantias aos portadores equivalentes às de depósitos bancários. 

"Quando você cria uma conta na Monerium, você tem basicamente uma conta bancária. Você pode fazer pagamentos e receber transferências de terceiros com um saldo que está on-chain", completa o cofundador do PicNic.

PicNic bate recordes no Brasil

O início das operações europeias acontece em um momento de aceleração do crescimento do PicNic no Brasil, apesar das condições adversas do mercado. Em julho, a plataforma registrou um recorde histórico em volume negociado mensalmente e integrou a rede Moonbeam à plataforma. 

A atividade no PicNic também atingiu novas máximas históricas na semana encerrada em 12 de agosto, que foi marcada por uma queda de 30% do preço do Bitcoin (BTC), superando US$ 2,5 milhões em volume negociado.

A consolidação e o crescimento no Brasil estabelecem a base necessária para a expansão das operações do PicNic e das funcionalidades da plataforma. Ferreira afirma que o foco agora é acelerar esse crescimento:

"Nós conseguimos construir um produto útil para facilitar o acesso dos nossos usuários a DeFi e ao mundo on-chain. Nosso trabalho agora é aprimorar a plataforma, adicionando mais funcionalidades, mas estamos em um momento em que temos um produto que é suficientemente sólido para que a gente possa focar em crescimento e expansão."

Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, a participação de mercado de exchanges descentralizadas (DEX) tem registrado crescimento constante em 2024, atingindo novas máximas históricas em agosto.