Resumo da notícia:

  • O Brasil é o 11º país com maior risco de fraude no mundo e o pior da América Latina, segundo o Global Fraud Index 2025.

  • Ameaças crescentes, como golpes com biometria facial via IA e ataques de engenharia social no Pix, agravam o cenário de vulnerabilidade digital no país.

  • Especialistas apontam que a solução exige não apenas tecnologia, mas uma cultura antifraude robusta e inclusão financeira para proteger consumidores e investidores, incluindo os de criptoativos.

O Brasil é destaque negativo no Global Fraud Index 2025, um estudo que analisa o risco e a exposição a fraudes em mais de 100 países, considerando fatores como regulação, economia e tentativas de ataque.

O Brasil ficou na 101ª colocação entre os 112 países avaliados — uma leve melhora em relação a 2024, quando ocupou a 96ª posição de 103. Ainda assim, com 4,37 pontos, o país obteve o pior resultado da América Latina.

O Brasil registrou quedas em saúde econômica e intervenção governamental, enquanto a pontuação em acesso a recursos digitais melhorou. No quesito regulação, o país se manteve estável.

Europa se destaca na proteção contra fraudes, enquanto América Latina fica estagnada

O Global Fraud Index 2025 é uma iniciativa da Sumsub, empresa global de verificação de identidade, em parceria com Statista, KPMG México e outras organizações. O índice se baseia tanto em dados proprietários da Sumsub – mais de 1 milhão de verificações diárias – quanto em fontes públicas, como o Banco Mundial, a The  Heritage Foundation, a Oxford Insights e a Transparência Internacional.

O índice é calculado a partir de quatro vetores principais: atividade fraudulenta, acessibilidade a recursos, intervenção governamental e saúde econômica. A metodologia usa o modelo do “Triângulo da Fraude” – pressão, oportunidade e racionalização – para mensurar os fatores que contribuem para fraudes e corrupção em ambientes digitais.

A Europa é o continente em que a população está mais protegida contra fraudes, enquanto países asiáticos figuram nas últimas posições. Luxemburgo obteve a melhor classificação no Global Fraud Index, com uma pontuação de 0,80. Com 7,48 pontos, o Paquistão manteve-se na última posição.

Na América Latina, o Uruguai teve a melhor classificação, figurando na 30ª posição com um índice de fraude de 1,99. O Peru subiu 24 posições em relação ao ano passado, enquanto a Guiana teve a maior queda. Paraguai (-10 posições) e Honduras (-6 posições) também pioraram em relação a 2024. Todos os outros países latino-americanos mantiveram-se relativamente estáveis.

Cesar Pérez Orozco, Sócio de Forensic da KPMG México, destacou que nenhum país da região figura no Top 15:

“No Global Fraud Index 2025, o México aparece entre as posições 70 e 75, mostrando uma leve melhora em relação ao ano anterior. Na América Latina, o Brasil e Colômbia figuram entre os países menos protegidos contra a fraude digital. Isso evidencia uma oportunidade urgente de fortalecer as capacidades de prevenção e resiliência na região.”

Daniel Ortiz de Montellano, Diretor de Forensic da KPMG México, acrescentou que não se trata apenas de fortalecer os controles antifraude nos países da região, mas sim de investir em acessibilidade e inclusão. 

“Os programas antifraude devem abordar múltiplas dimensões para serem realmente efetivos,” afirmou o executivo. “Na KPMG, acreditamos que uma cultura antifraude sólida se constrói não só com ética e compliance, mas também com inclusão financeira e colaboração intersetorial.”

Ao citar os ataques ao Pix que exploraram a engenharia social para desviar mais de R$ 1 bilhão este ano, Timothy Owens, especialista em Tecnologia e IA e líder sênior de Pesquisa em Tecnologia e Telecomunicações da Statista, destacou a necessidade de implementar soluções de governança robustas e eficazes para mitigação de fraudes:

“Para líderes de tecnologia, a mensagem é clara: trate a exposição à fraude como o tempo de disponibilidade dos sistemas, exigindo monitoramento constante. Sistemas de verificação, compartilhamento de informações entre organizações e respostas robustas a incidentes não são mais opcionais, são componentes fundamentais para operar no ambiente digital atual.”

Itaú alerta para golpes que utilizam biometria facial das vítimas

Recentemente, Victor Thomazetti, superintendente de Prevenção a Fraudes do Itaú Unibanco, alertou que as fraudes que utilizam biometria facial estão se tornando comuns no Brasil.

O uso de ferramentas de inteligência artificial (IA), aliado a técnicas avançadas de engenharia social, tem se mostrado eficaz para burlar os sistemas de verificação biométrica de instituições financeiras.

Segundo o especialista do Itaú, os criminosos utilizam dados disponíveis na internet e apelam para gatilhos emocionais, como urgência, medo ou recompensas para manipular as vítimas e facilitar a coleta de dados biométricos.

Posteriormente, as imagens podem ser usadas para burlar os sistemas de verificação de identidade não apenas de bancos e fintechs, mas também de exchanges de criptoativos, abrindo caminho para o roubo de fundos e ativos digitais.

Para Timothy Owens, da Statista, isso demonstra que sistemas de proteção contra fraudes demandam atualizações constantes:

“Os fraudadores estão tendo acesso a ferramentas de IA cada vez mais poderosas, e o que antes era uma ameaça de nicho, agora se tornou algo comum.”

Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, os ataques ao Pix e fraudes em fintechs fizeram com que o Banco Central (BC) implementasse regras mais estritas para empresas do mercado brasileiro de criptomoedas.