"Todo mundo vai investir em criptomoedas no Brasil", afirmou a chefe de expansão da Hashdex, Roberta Antunes, em uma entrevista ao site Invest News na semana passada. A confiança da executiva se baseia na afirmação de que o Brasil desenvolveu uma regulação mais amigável a esta classe de ativos e está à frente da maioria dos países, inclusive os EUA, no que diz respeito ao desenvolvimento de um ambiente saudável para o mercado de criptomoedas por aqui.

A existência de cinco ETFs (fundos de índice) em negociação na B3, hoje, com mais de R$ 5,6 bilhões de ativos sob gestão, é a prova disso. A Hashdex foi a pioneira na oferta desta nova modalidade de instrumento financeiro, com o lançamento do HASH11 em abril deste ano. Atualmente, o produto é o terceiro mais negociado da B3, e já conta com cerca de 140 mil investidores e R$ 2,8 bilhões em recursos sob gestão.

O HASH 11 é atrelado Nasdaq Crypto Index (NCI), um índice que é composto por oito criptoativos de acordo com a evolução do mercado. De três em três meses o NCI é rebalanceado de acordo com critérios pré-definidos para otimizar a rentabilidade do índice no longo prazo, afirmou a executiva da Hashdex. Hoje, os oito ativos que compõem o NCI são: Bitcoin (BTC), Ethereum (ETH), Litecoin (LTC), Chainlink (LINK), Uniswap (UNI), Bitcoin Cash (BCH), Filecoin (FIL) e Stellar (XMR). Desde o seu lançamento em abril, o HASH 11 acumula 31% de valorização.

Depois do sucesso do HASH 11, em agosto a gestora lançou o BITH11, atrelado exclusivamente ao Bitcoin, e o ETHE11, vinculado ao Ethereum, a segunda maior criptomoeda por capitalização de mercado.

Enquanto isso, nos EUA, os primeiros ETFs de criptomoedas foram aprovados apenas de outubro para cá e ainda assim a SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) autorizou apenas o lançamento de ETFs de contratos futuros de Bitcoin.

Um ETF atrelado ao mercado à vista do Bitcoin foi rejeitado pela Comissão no início deste mês. Antunes lembrou ainda que a primeira tentativa de aprovação de um ETF nos EUA aconteceu em 2013. Desde então houve mais de 10 pedidos negados antes que o ProShares Bitcoin Strategy ETF fosse lançado.

No Brasil, os reguladores entenderam que a demanda por criptoativos estava aumentando, se consolidando como uma classe de ativos emergente que aprsenta uma boa descorrelação com investimentos financeiros tradicionais. Os ETFs se configuram como uma forma mais simples e segura de exposição ao mercado e foi isso o que levou os órgãos a aprová-los, disse Antunes.

"Muitos países não conseguiam entender criptoativos e ainda têm dificuldades de regular os ambientes de negociação destas moedas, além de diversas preocupações com manipulação de mercado. E acho que, nesse contexto, o Brasil foi um dos países que saíram na frente.

Hoje, o Brasil já conta com cinco ETFs de criptomoedas em negociação na B3 e a demanda segue aumentando. Depois dos lançamentos bem sucedidos no Brasil, a Hashdex mira o mercado norte-americano, apesar dos entraves regulatórios. A gestora protocolou o pedido de autorização de um ETF nos EUA nos mesmos moldes do HASH11, baseado no NCI, o Victory Hashdex Nasdaq Crypto Index Fund. Embora acredite que se trata de um produtor "inovador", as perspectivas de aprovação ainda são nebulosas, afirmou Antunes:

"A Hashdex trabalha com a Nasdaq e com a Victory Capital nos Estados Unidos, acreditamos que é um produto inovador, mas ainda temos alguns passos na regulação que são difíceis de prever. A indústria está otimista, somos um líder global na categoria, estamos puxando algumas iniciativas nos EUA, mas ainda não temos novidades."

Quanto às previsões sobre os valores que o Bitcoin pode vir a atingir no curto prazo, a gestora da Hashdex prefere não fazer previsões. Apesar de as expectativas de que o BTC possa chegar aos US$ 100.00 tenham arrefecido com a recente queda do mercado logo após a nova máxima histórica de US$ 69.000, Antunes ressalta que as criptomoedas devem ser encaradas como um investimento de longo prazo.

Antunes acredita que há muito espaço para que o mercado de criptoativos cresça ainda mais, inclusive no mercado brasileiro. Ela acredita que a popularização e adoção crescente desta classe de ativos e a sua descorrelação com o mercado tradicional vão fazer com que todo mundo se torne um cripto investidor:

"Acho que vai chegar um momento em que vai ser normal todo investidor brasileiro, na hora de pensar a sua alocação, incluir criptomoedas na carteira. Ele vai pensar em ações, CDI, renda fixa, e naquele 2% ou mais de criptos em um universo de longo prazo, até cinco anos. E os ETFs vão facilitar essa exposição."

Os ETFs da Hashdex também fizeam que investidores se expusessem indiretamente às criptomoedas por meios de fundos multiestratégia, que reúnem uma cesta variada de ativos, às vezes até mesmo sem ter consciência disso. Por isso, disse Antunes, o número de investidores dos produtos da Hashdex é maior do que aqueles contabilizados exclusivamente pela B3.

Futuramente, além dos planos de expansão internacional já em andamento, a Hashdex pode criar novos produtos atrelados a setores emergents do mercado de criptomoedas, afirmou a executiva. Games e NFTs estão sob o foco da gestora e as próximas novidades podem surgir por aí.

Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, a Hashdex fechou uma parceria com a Brave, navegador de internet focado na privacidade do usuário que tem a sua própria criptomoeda nativa - o BAT.

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