O potencial de desburocratização da tecnologia blockchain foi amplamente defendido recentemente pelo secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida. Em videoconferência promovida pela QR Capital, empresa da área de blockchain, o braço direito do ministro Paulo Guedes questionou a velha cultura cartorial brasileira.
"Como vai ficar a realidade dos cartórios com a blockchain? Usar essa tecnologia é bem mais eficiente e barato. Essa crise vai nos machucar. Teremos que rever uma série de conceitos. Convido a sociedade para discutir sobre isso, é uma discussão necessária", destacou.
Durante a conversa, que teve a participação de Theodoro Fleury, gestor da QR Asset Management, gestora controlada pela holding QR Capital, e de Felippe Hermes, editor do BlockTrends, canal de análises e tendências do mesmo grupo, o secretário defendeu as teorias da Escola Austríaca.
A escola defendia, entre outros conceitos, o padrão-ouro, apontando que seria mais coerente adotar uma commodity escassa e independente de estados, como o ouro, para ser moeda-base da economia. O argumento é usado com frequência por entusiastas do bitcoin - chamado de ouro digital - para encaixar a criptomoeda como a solução sugerida por esses economistas.
"Um dos maiores austríacos, até onde sei o único que ganhou um Nobel da Economia, o Hayek, defende a moeda privada. Não é claro pra mim que o padrão-ouro seja unanimidade entre os austríacos. Mas gosto muito do Hayek", afrimou.
Friedrich Hayek, nobel de economia de 1974, defendia que a emissão de moedas privadas por empresas geraria uma competição saudável que faria com que as moedas fossem mais estáveis em seu poder de compra e mais difíceis de serem falsificadas. O maior entrave para isso seria a confiabilidade no emissor, obstáculo que seria vencido com o uso da blockchain.
Atualmente existem mais de 3 mil criptomoedas, de acordo com o site coinmarketcap, todas baseadas em uma rede de blockchain e todas com seu respectivo valor de mercado.
Sachsida recorreu a uma metáfora para falar sobre a perspectiva econômica e a possibilidade de impacto nos preços futuros, considerando a depreciação da moeda e a alta desvalorização do câmbio neste momento de crise. Citou o filme "De caso com o acaso" (Peter Howitt, 1998), que conta uma história dividida em duas realidades.
Numa delas, a protagonista consegue pegar o metrô, chega em casa cedo e descobre traição do marido. E, a partir desse trauma, muda sua vida e no fim se vê realizada. Na outra realidade, ela tropeça antes alcançar o metrô e não consegue chegar no vagão a tempo. Assim, chega mais tarde em casa, não descobre a traição e acaba confrontada com a mesma realidade momentos mais tarde porém com trauma e custo maiores:
"Convido todos a entrarem no metrô! Nós precisamos nos confrontar com a dura realidade. Ou faremos reformas pró-mercado ou continuaremos um país de renda média. Se queremos ir para o caminho da prosperidade, pagaremos um custo, o custo das reformas", encerrou o secretário.
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