O recuo de última hora no domingo, após a recuperação empreendida ao longo da semana, empurrou o preço do Bitcoin (BTC) novamente abaixo de US$ 60.000, consolidando uma vela semanal verde achatada com longos pavios superior e inferior.
Ao longo da semana passada, o preço do Bitcoin caiu até 15% desde a abertura na faixa de US$ 58.160 até a mínima de US$ 49.000. O repique atingiu máximas de US$ 62.745, o que representa uma alta de 26% em relação ao fundo semanal. No entanto, a maior criptomoeda do mercado acabou fechando o domingo com uma leve alta de 0,95%.
A exemplo dos últimos dias, o preço do Bitcoin iniciou a semana com forte volatilidade, sinalizando indecisão no curto prazo. Exceto pelo recuo estratégico do Banco do Japão (BoJ), afastando a possibilidade de uma nova elevação das taxas de juros no curto prazo, todos os fatores que desencadearam o tombo do Bitcoin na semana passada mantêm a pressão sobre o mercado.
Alguns até mesmo recrudesceram, caso da ampliação da vantagem da pré-candidata democrata Kamala Harris contra o republicano pró-cripto Donald Trump nos mercados preditivos, e da ameaça de ataque do Irã a Israel no front geopolítico.
No cenário macroeconômico, a probabilidade de recessão nos EUA continua em jogo, a julgar pela Regra de Sahm. O indicador criado pela economista Claudia Sahm compara a média móvel da taxa média de desemprego dos últimos três meses com a mínima dos últimos 12 meses para medir a atividade econômica. Sempre que o indicador ultrapassa a marca de 0,5, há um período de contração econômica em um horizonte futuro de dois a seis meses.
O remédio para evitar uma potencial recessão está nas mãos do Banco Central dos EUA (Fed). Embora o corte nas taxas de juros dos EUA na reunião de setembro do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Fed seja dado como fato consumado pelo mercado, a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor dos EUA (CPI) na quarta-feira pode azedar o sentimento dos investidores, caso as expectativas de queda da inflação não sejam confirmadas.
Se ao longo da semana passada cresceram as expectativas de que o Banco Central dos EUA (Fed) poderia cortar os juros em 0,5%, a recuperação parcial dos mercados reduziu o otimismo. Atualmente, os prognósticos estão divididos quase igualmente entre uma redução de 0,5% ou de 0,25%.
A política de análise de dados do Fed sugere que os números da inflação em julho serão decisivos para os rumos da política monetária dos EUA.
Análise do preço do Bitcoin
Embora fatores externos ao mercado de criptomoedas ofereçam poucas pistas sobre a ação de preço do Bitcoin no curto prazo, o analista da Crypto Investidor, Diego Pohl, destaca os níveis de resistência e suporte do BTC que os traders devem observar:
"Na queda da semana passada, o Bitcoin testou regiões importantes de suporte, especialmente no nível de retração de Fibonacci de 0.5, mas também conseguimos observar a formação de uma divergência bullish no gráfico semanal, identificada pelas setas em azul no gráfico abaixo."
Gráfico semanal anotado BTC/USD. Fonte: TradingView
O topo local de US$ 62.700 consolidado pelo pavio da última vela semanal indica que o rompimento da resistência nessa região "poderá ser um gatilho importante para a retomada de tendência de alta", acrescentou o analista. Ultrapassado este nível, os próximos alvos de preço estão entre US$ 74.000 e U$100.000.
Para sustentar a recuperação após as mínimas da semana passada, o preço do Bitcoin deve "permanecer acima da região do atual suporte de curto prazo, entre US$ 55.900 e US$ 51.600", alertou Pohl. Caso contrário, novas mínimas na região dos US$ 40.000 poderão ser registradas.
No início da manhã desta terça-feira, o Bitcoin era negociado a US$ 58.555, em baixa de 0,3% nas últimas 24 horas, de acordo com dados da CoinGecko.
Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, a cotação do Bitcoin tem mantido independência em relação ao ouro e às ações de tecnologia dos EUA. Em um ano, na maior parte do tempo, a volatilidade da maior criptomoeda do mercado variou entre 0,5% e -0,5% em relação a ambos os ativos.