Sob o impacto da volatilidade desencadeada pela guerra comercial do presidente dos EUA, Donald Trump, o Bitcoin amargou perdas de 4,8% no fechamento semanal no domingo, 9 de fevereiro, cotado a US$ 97.700.
Preso abaixo dos US$ 100.000 no curto prazo, o preço do Bitcoin (BTC) evitou maiores prejuízos ao sustentar o suporte em US$ 90.000, contrariando as expectativas de vários analistas.
Com o aumento das incertezas macroeconômicas e geopolíticas devido às políticas comerciais dos EUA, o Bitcoin ainda carece de direção clara no curto prazo.
Embora tenha recuado para US$ 94.000 após o anúncio de Trump sobre tarifas de 25% nas importações de aço e alumínio, o Bitcoin recuperou-se rapidamente, iniciando a semana estável acima de US$ 97.000.
Analistas da CryptoQuant, no entanto, alertam que reações neutras ou mesmo positivas nos mercados financeiros às ações de Trump podem desencadear um círculo vicioso potencialmente desfavorável para os ativos de risco:
“Altamente sensível às reações do mercado, o presidente Trump pode dobrar as apostas à medida que seus atos são considerados apenas blefes. Isso poderia encorajá-lo ainda mais, acrescentando outra camada de volatilidade nos mercados financeiros.”
Com mais de um mês até a próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) e a quase unanimidade de que a taxa de juros permanecerá inalterada em um futuro próximo, as atenções novamente se voltam para a economia doméstica dos EUA.
Inflação e taxas de juros nos EUA
Na quarta-feira, 12 de fevereiro, serão divulgados os dados do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) de janeiro. O mercado está antecipando um aumento de 0,3% em relação a dezembro e a estabilização da inflação anual em 2,9%. Pontos fora da curva, para cima ou para baixo, têm potencial para afetar o humor do mercado.
Imediatamente após a divulgação do CPI, Jerome Powell, presidente do Banco Central dos EUA (Fed) prestará depoimento perante o Comitê Bancário do Senado e o painel de Serviços Financeiros da Câmara.
Independentemente do posicionamento do Fed, o rendimento real dos títulos de 10 anos indexados à inflação caiu 34 pontos-base nas últimas três semanas. A manutenção dessa tendência poderia desencadear uma busca por retornos mais altos, favorecendo os mercados de ações e de criptomoedas, apontam analistas.
Análise do preço do Bitcoin
Arthur Driessen, analista da Crypto Investidor, aponta que o Bitcoin enfrenta um momento de consolidação após a forte alta registrada no quarto trimestre de 2024.
Até que níveis cruciais de suporte e resistência sejam testados e rompidos, o preço do Bitcoin deve oscilar dentro de uma faixa limitada, afirma Driessen:
“Após o teste de suporte na região de US$ 91.000 há uma semana, o Bitcoin pode estar formando um pivô de alta cujo rompimento se encontra na faixa de US$ 102.500.”
O analista aponta dois cenários possíveis para determinar se a ação de preço do Bitcoin se encaminha para retomar a tendência de alta ou buscar novas mínimas, conforme delineado no gráfico abaixo.
Gráfico diário anotado BTC/USDT (Binance). Fonte: Crypto Investidor
“No primeiro cenário, em vermelho, o Bitcoin faria mais um ABC para cima sem romper o topo anterior de US$ 106.500 e voltaria a fazer fundos abaixo de US$ 90.000", afirma o analista.
Nesse caso, o Bitcoin poderia recuar até a região da média móvel de 200 períodos no gráfico diário, em preto, com preço-alvo entre US$ 79.000 e US$ 84.000.
No cenário otimista, em azul, “o Bitcoin romperia o topo anterior de US$ 106.500, dando sequência à onda 3, em busca de novas máximas históricas, tendo a região entre US$ 113.000 e US$ 115.000 como alvo", concluiu o analista.
Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, a pressão vendedora sobre o Bitcoin no mercado à vista atingiu seu ponto mais alto desde a implosão do fundo de hedge de criptomoedas Three Arrows Capital em meados de 2022.