O Bitcoin (BTC) e outras criptomoedas fazem parte do portfólio de 34,03% dos investidores de perfil arrojado do Brasil, segundo uma pesquisa divulgada esta semana pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
De acordo com a Gerência de Educação e Inclusão Financeira (GEIF) da Superintendência de Orientação aos Investidores e Finanças Sustentáveis (SOI), o objetivo do relatório da pesquisa Perfil e Comportamento dos Investidores 2024 foi traçar um panorama completo e aprofundar a compreensão de quem são os investidores brasileiros no período.
Conhecer o perfil e, principalmente, o comportamento do investidor brasileiro é determinante para entender melhor o mercado de capitais. Esses dados são importantes para traçar estratégias mais assertivas e promover campanhas de educação financeira, visando um ambiente mais acessível e inclusivo, disse o representante da GEIF, Paulo Portinho.
Perfil
De acordo com o levantamento, 52% dos investidores se identificaram no perfil arrojado, 36% se enquadraram no moderado e 9% se disseram conservadores. De acordo com o relatório, perfil do investidor brasileiro permanece com predominância masculina (87%), da região Sudeste (63%), na faixa etária de 46 a 59 anos. Pela primeira vez foi traçado o perfil racial dos respondentes, revelando predominância de pessoas que se autodeclaram brancas (75%), seguido das pardas (18%), os que preferiram não responder (2,4%) e pretas (2,3%).
Outro ponto identificado é a presença maior de público com Ensino Superior ou Pós-graduação completo. Segundo o levantamento, a maior parcela dos respondentes possui renda familiar declarada superior a R$ 5 mil.
Ainda segundo o estudo, os investidores possuem conhecimentos de conceitos básicos, como a relação entre inflação e rentabilidade, tendo espaço para ampliar as noções de temas mais específicos, como impacto de juros sobre o preço de títulos de renda fixa.
Criptomoedas
Mais de um a cada três investidores arrojados (34,03%) possuem Bitcoin e/ou altcoins em seus portfólios de investimento. Por outro lado, as preferências permanecem sobre investimentos mais tradicionais do mercado de capitais, como ações (85,56%), fundos imobiliários (58,33%), outros fundos de investimento, como DI, Renda Fixa, Multimercado (57,50%), CDB/RDB (57,36%), Tesouro Direto (55,83%), Fundo Negociado em Bolsa (ETF, na sigla em inglês) ou Fundo de índice (40%), LCI / LCA / LF (39,86%) e PGBL/VGBL(34,58%).
Por outro lado, os arrojados preferem criptomoedas a investimentos como contratos de derivativos (20,69%), BRDs (Brazilian Depositary Receipts; 18,06%), COE (Certificado de Operações Estruturadas; 9,72%), Cotas de clube de investimento (9,44%), Crowdfunding (3,47%), entre outros.
Respondendo por 22,27%, o Bitcoin e outras criptomoedas também perdem terreno entre os investidores moderados. As ações se mantêm no topo, mas também perdem espaço (74,29%), enquanto outros investimentos menos arriscados ganham força, como CDB/RDB (62,55%) e Tesouro Direto (60,73%). Já os investidores conservadores dão pouco espaço ao Bitcoin e às altcoins em seus portfólios (6,2%). Nesse caso, CDB/RDB ocupa a preferência (55,04%), enquanto as ações aparecem na quarta colocação (34,11%).
Aposentadoria
Entre os destaques, o estudo mostrou que o principal objetivo em comum dos investidores brasileiros é a formação de reservas para a aposentadoria. Este planejamento financeiro é apontado como prioridade para os perfis moderado e conservador e ainda aparece como a segunda opção para o perfil arrojado.
Percentuais:
Arrojado: 76% criar renda passiva (74% formar reservas para aposentadoria);
Moderado: 68% formar reservas para aposentadoria;
Conservador: 63% formar reservas para aposentadoria.
Percepção do Mercado de Capitais
A pesquisa também mostrou que 86% dos participantes afirmaram estar preparados para lidar com imprevistos financeiros e identificou um aumento na busca por rentabilidade (45%), diversificação da carteira (42%) e interesse por educação financeira (42%).
O mercado de capitais, de maneira geral, é avaliado predominantemente de modo positivo. Cerca de 86% dos participantes declararam que pretendem continuar investindo, motivados, em grande parte, pela percepção de que o mercado oferece produtos compatíveis com seu perfil de investidor e por se sentirem satisfeitos com os serviços disponibilizados.
A atuação da CVM no mercado de capitais também foi apontada como predominantemente positiva: 55% dos investidores avaliaram como excelente ou boa a performance da Autarquia.
Outros números:
45% veem a CVM como fonte confiável de informações (concordam totalmente);
70% conhecem bem o papel da CVM (concordam totalmente ou parcialmente);
65% acreditam que as normas contribuírem para a eficiência e o desenvolvimento do mercado de capitais (concordam totalmente ou parcialmente).
Na semana passada, a CVM abriu uma Consulta Pública para revisar a Resolução nº 88, que regula o crowdfunding de investimentos, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.