A sustentação do suporte na região dos US$ 112.000 durante o fim de semana foi decisiva para o Bitcoin manter intacta sua tendência de alta de longo prazo, mas uma eventual queda abaixo dos US$ 100.000 ainda está em jogo, segundo Diego Pohl, analista da Crypto Investidor.
Os fechamentos mensal e semanal do Bitcoin (BTC) geraram sentimentos mistos entre os traders. Enquanto julho consolidou o maior fechamento mensal da história do Bitcoin, com o par BTC/USD cotado a US$ 115.764, a semana encerrada no domingo, 3 de agosto, registrou perdas de 4,3%.
A queda na semana passada foi atribuída à decepção dos investidores com a ausência de referências à Reserva Estratégica de Bitcoin no relatório sobre ativos digitais divulgado pelo governo dos EUA e aos resultados abaixo das expectativas da Coinbase no segundo trimestre deste ano.
A receita total da exchange recuou 26% em relação ao trimestre anterior, totalizando US$ 1,5 bilhão. As principais causas para o desempenho inferior foram uma queda de 46% no lucro bruto baseado em transações e um recuo de quase 40% no volume total negociado na plataforma. Apesar da retração trimestral, o volume negociado apresentou alta de 4,8% na comparação anual.
A correção associada ao aumento da dominância do Bitcoin reflete cautela dos investidores e realização de lucros após fortes altas, conforme destacou a QR Asset Management em seu boletim semanal de análise de mercado.
Essa tendência impactou diretamente os fundos negociados em bolsa (ETFs) de criptomoedas, que registraram saques significativos nos últimos dias após uma sequência de 14 semanas de saldo líquido positivo.
“Após o melhor mês da história dos ETFs de cripto nos EUA — que bateram recordes de captação em julho — a primeira semana do mês trouxe resgates de mais de US$ 1 bilhão, o maior volume mensal desde abril,” diz o boletim.
Por outro lado, o Índice de Medo e Ganância das Criptomoedas opera em território neutro, como apontou Sarah Uska, analista de criptoativos do Bitybank, em nota à imprensa:
“Isso indica que, neste momento, não há um predomínio de medo ou euforia entre os investidores.”
Assim, o Bitcoin inicia agosto, um mês tradicionalmente negativo para o mercado de criptomoedas, em um momento de indecisão e com incertezas no cenário macroeconômico.
Conforme o esperado, as taxas de juros nos EUA mantiveram-se inalteradas na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) realizada na semana passada. Contrários à maioria e a Jerome Powell, presidente do Banco Central dos EUA (Fed), dois diretores manifestaram-se a favor da redução imediata dos juros. A quebra do consenso no colegiado do comitê não era testemunhada desde 1993.
A tensão interna ganhou contornos ainda mais dramáticos com a afirmação do presidente dos EUA, Donald Trump, de que Powell deveria estar aposentado. A pressão de Trump por cortes nos juros ameaça a independência do Fed e pode desestabilizar o mercado financeiro, muito embora juros mais baixos sejam benéficos para os ativos de risco.
Dados da FedWatch Tool da Bolsa Mercantil de Chicago (CME) apontam 89,9% de chances de corte na próxima reunião do FOMC, marcada para 17 de setembro.
Análise do preço do Bitcoin
A correção dos últimos dias representa um desafio para a manutenção da tendência de alta macro do Bitcoin, afirma Diego Pohl em análise exclusiva para o Cointelegraph Brasil:
“O Bitcoin testou uma região importante de suporte nos US$ 112.000. Com isso, o preço do BTC pode ter marcado o fundo de suas mínimas locais. Essa região é fundamental para a continuidade do movimento de alta, tendo ainda como próximos alvos a região de US$ 150.000 a US$ 170.000.”
Além da manutenção da atual região de suporte, o preço do Bitcoin precisa romper a resistência na faixa dos US$ 120.000 para buscar novas máximas, acrescenta Pohl, conforme delineado no gráfico abaixo.
“A quebra dessa região de suporte poderia levar o preço do Bitcoin a testar níveis de suporte entre US$ 98.000 a US$ 93.000," segundo Pohl. Isso representaria uma queda de aproximadamente 20% em relação aos patamares atuais e de 25% em relação à máxima histórica de US$ 123.000.
Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, uma alta acima de US$ 116.500 no começo desta semana pode desencadear uma liquidação maciça de posições vendidas no mercado de derivativos, favorecendo a retomada da tendência de alta do Bitcoin.