O novo CEO da Binance, Richard Teng, que assumiu o comando da exchange de criptomoedas em novembro após um acordo com a Justiça dos EUA incluindo a saída do fundador da empresa, Changpeng “CZ” Zhao, da direção da empresa, declarou que o único caminho a ser seguido pela plataforma no Brasil é o da regulamentação.
Em entrevista veiculada pelo Valor nesta sexta-feira (15), Teng se mostrou otimista em relação à aprovação de compra da corretora de investimentos brasileira Sim;paul pela Binance, cujo pedido de aprovação tramita no Banco Central (BC). Ele disse ainda que o mercado brasileiro é importante para a Binance, frisou que a entrada da exchange no país também é de interesse das autoridades e admitiu que a plataforma cometeu erros, mas argumentou que a indústria financeira tradicional também já cometeu falhas.
O executivo declarou que a Binance quer ser um player responsável e se envolver com as autoridades e suas políticas reguladoras, além de ocupar lugar de destaque nas jurisdições, para ajudar a fortalecer o controle dos órgãos reguladores sobre o ecossistema de criptomoedas.
Richard Teng disse ainda que o Brasil é importante para a Binance e que a exchange vai continuar trabalhando para se estabelecer no país e na América Latina, já que, com a entrada em vigor da lei 14.754/2023 esta semana, as criptomoedas mantidas em exchanges estrangeiras passaram ser enquadradas no rol de regras para investimentos em offshores e trusts, cuja taxação prevista é de 15%, conforme critérios a serem estabelecidos pela Receita Federal.
Ex-membro de supervisão financeira da Banco Central de Singapura, o CEO da Binance ressaltou que ele, como ex-regulador, é um defensor da normatização, defendeu que a exchange solucionou problemas históricos relacionados a registros, compliance e sanções junto a diversas agências dos EUA e argumentou que diversos bancos entre os maiores do mundo tiveram problemas junto a órgãos reguladores e acumularam multas de cerca de US$ 90 bilhões.
Teng qualificou o acordo judicial de US$ 4,3 bilhões entre a Binance, Departamento de Justiça dos EUA, Tesouro e a Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC) como a inauguração de uma nova fase para a Binance e o mercado cripto, que ocupa mais destaque no mercado.
Nessa direção, ele citou a possível aprovação de fundos negociados em bolsa (ETFs, na sigla em inglês) baseados em negociação à vista de Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH) por parte da SEC, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA,, a chegada de players institucionais que, segundo ele, até um passado recente tinham receio de trabalhar com a exchange.
Ele reconheceu a dificuldade de a Binance manter a liderança de mercado, com cerca de 167 milhões de usuários na plataforma após a exchange chegar a responder por 60% das negociações à vista de criptomoedas, de acordo com dados da consultoria CCData. Entretanto, para ele, o melhor caminho é atuar em conjunto com outros players para “aumentar o tamanho do bolo” do mercado cripto, que hoje não passa de 5% da população mundial.
Alegando confidencialidade nas tratativas das estratégias de entrada da Binance no país, o representante da exchange evitou comentar as críticas recebidas por parlamentares que integraram a recém-encerrada CPI das Criptomoedas. Entre eles o deputado Aureo Ribeiro, que defendeu o relatório final da CPI das Criptomoedas, desaprovou a compra da Sim;Paul e acrescentou que “o processo não está caminhando bem”, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.