A B3 está estudando as condições para o lançamento de um produto financeiro de negociação de contratos futuros de criptomoedas, informou a Coluna do Broadcast do jornal O Estado de São Paulo nesta quarta-feira.

A principal questão ainda a ser definida é se as negociações seriam realizadas contra o dólar norte-americano ou contra o real. Contratos futuros precisam de um ínidice de referência, então, no caso da opção pela moeda brasileira, será preciso compor um índice de criptoativos em reais, algo que, hoje, não existe.

Em dólares norte-americanos seria mais simples, pois o maior volume de negociação nos mercados de criptomoedas é realizado através da moeda dos EUA. A questão é que o público alvo deste novo instrumento financeiro são pessoas físicas e para esta classe de investidores os valores aplicados em reais necessariamente teriam que passar por uma operação paralela, também através da Bolsa, de swap cambial, para serem convertidos em dólares.

O crescimento do mercado de criptomoedas no Brasil e o sucesso dos ETFs (índices de fundo) de criptomoedas negociados na Bolsa são as principais motivações por trás dos planos da bolsa brasileira.

Hoje, a B3 oferece cinco ETFs de criptomoedas, sendo que o primeiro foi lançado apenas em abril deste ano. O HASH11 já é o terceiro ETF mais negociado da B3, conta com cerca de 140 mil investidores e R$ 2,8 bilhões em recursos sob gestão. Ao todo, os cinco ETFs brasileiros têm uma alocação de R$ 3,6 bilhões e respondem por 6% do total de R$ 60 bilhões sob custódia dos fundos de índice da Bolsa brasileira.

Contratos futuros de criptomoedas já são negociados na Bolsa Mercantil de Chicago (CME), nos EUA, e na Eurex, Bolsa de derivativos da Europa, ou seja, já existe uma base legal a partir da qual a B3 pode estruturar esse novo mercado no Brasil.

É justamente aproveitando-se das inseguranças que os criptoativos ainda despertam nos investidores acostumados aos instrumentos financeiros tradicionais que a B3 pretende ocupar espaço em um mercado em expansão.

Recentemente, o presidente da Bolsa, Gilson Finkelsztain teceu críticas à forma como as exchanges de criptomoedas operam no Brasil devido ao que ele entende como um vácuo regulatório.

Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil, a manifestação mereceu uma resposta contundente de Reinaldo Rabelo, CEO da maior exchange do país, o Mercado Bitcoin. Rabelo afirmou que qualquer empresa que atue como prestadora de serviços no país precisa se submeter às leis anti-fraude e lavagem de dinheiro e de proteção ao consumidor. E disse também que as instituições financeiras deveriam ser mais claras e transparentes a respeito dos custos operacionais que incidem sobre os rendimentos dos investidores.

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