O Centro de Altos Estudos em Comunicação Digitais e Inovações Tecnológicas (Ceadi) da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) anunciou na última quarta-feira (29) os integrantes do Laboratório de Inteligência Artificial (A.lab). O que aconteceu em meio a movimentações que agitaram o desenvolvimento da tecnologia no Brasil e no mundo.
De acordo com informações da Agência Gov, o IA.Lab, que será presidido pelo Conselheiro Alexandre Freire e composto por servidores da Anatel, terá sua coordenação administrativa sob a responsabilidade da Assessoria Técnica da Agência (ATC), que atuará como secretaria-executiva.
Alexandre Freire destacou que “a rápida expansão da inteligência artificial (IA) nos setores de telecomunicações e inovação tecnológica apresenta um cenário repleto de oportunidades, mas também traz desafios significativos, como a proteção de dados, o combate ao viés algorítmico e a redução da exclusão digital”.
“O trabalho conjunto desse grupo será essencial para pensar em soluções para enfrentar esses desafios e maximizar os benefícios da tecnologia, com uma abordagem que privilegie a ética, a inovação e o desenvolvimento sustentável", salientou o presidente do Ceadi.
Entre as produções esperadas deste grupo para a Anatel estão propostas de diretrizes para o uso de IA em telecomunicações, publicações acadêmicas, relatórios de pesquisa, a criação de um AI Ethics Sandbox para testar e validar abordagens éticas em IA, além da realização de workshops, webinars e consultas públicas para engajar a comunidade e os stakeholders.
Também estão previstas a organização de uma Conferência Anual sobre IA em Telecomunicações, a criação de um repositório online com recursos e estudos sobre IA, a elaboração de resumos de políticas (policy briefs) e a avaliação crítica das políticas e práticas existentes para identificar áreas de melhoria.
Freire disse ainda que “a criação do IA.lab está alinhada ao objetivo estratégico da Anatel de fomentar a transformação digital junto à sociedade, em condições de equilíbrio de mercado, além de contribuir para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), particularmente o 9 (Indústria, Inovação e Infraestrutura), 10 (Redução das Desigualdades) e 16 (Paz, Justiça e Instituições Fortes)”.
Criado em 11 de junho de 2024 pela Portaria Anatel Nº 2831, o IA.lab busca ser um espaço para pensar soluções e possui , dentre seus objetivos, estimular a produção de conhecimento sobre o uso da Inteligência Artificial no ecossistema digital e promover um ambiente de reflexão sobre a temática, garantindo a sustentabilidade e a responsabilidade institucional.
Na última terça-feira (28), o Ceadi e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) assinaram um Termo de Execução Descentralizada (TED), acordo voltado ao desenvolvimento de soluções de IA voltadas para a gestão do espectro de radiofrequências. Nesse caso, o trabalho prevê quatro etapas: análise de abordagens de IA para radiocomunicações; implementação da tecnologia na gestão do espectro; formulação de estratégias para a adoção das soluções pela Anatel; produção de um relatório que consolide os resultados obtidos.
O anúncio da Anatel acontece em meio a um tornado envolvendo a IA nos últimos dias, que teve como epicentro o lançamento do assistente de IA de baixo custo e código aberto chinês DeepSeek, responsável por perdas bilionárias a big techs estadunidenses esta semana.
O aplicativo, mais baixado no mundo esta semana, teria sido alvo de ataques cibernéticos em larga escala vindos dos Estados Unidos, segundo a imprensa oficial chinesa. Já a secretária de imprensa da Presidência dos EUA, Karoline Leavitt, disse que o Conselho Nacional de Segurança investigará potenciais implicações do chatbot da DeepSeek.
A chegada ao mercado do App chinês também coincidiu com um apelo o Vaticano, que pediu atenção dos governos ao desenvolvimento da IA e declarou que a tecnologia possui “sombra do mal”. De acordo com o documento divulgado pela agência Reuters, fake news geradas por IA têm o poder de minar gradualmente os fundamentos da sociedade. A mensagem foi produzida por dois departamentos do Vaticano, e teve a aprovação do papa Francisco.
No olho do furacão também está a Tools for Humanity, empresa responsável pelo projeto de identidade digital e prova de humanidade World, que negou ao Cointelegraph Brasil as alegações de desrespeito à ordem da Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD) por manter a distribuição de incentivos financeiros vinculados à coleta de dados biométricos de cidadãos brasileiros, por meio do token Wordcoin (WLD). O projeto é capitaneado por Sam Altman, CEO da OpenAI, startup desenvolvedora do chatGPT.