Uma pesquisa divulgada no final de maio pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontou que 25% das atividades devem ser diretamente impactadas pela inteligência artificial (IA), com riscos de os profissionais terem que se adaptar ou serem substituídos pela tecnologia.
De acordo com o levantamento, intitulado “Generative AI and jobs: a refined global index of occupational exposure”, realizado em parceria com o instituto polonês Nask, um em cada quatro trabalhadores exerce uma ocupação com alguma exposição à IA. Globalmente, a pesquisa mostrou que 3,3% do emprego global está dentro da categoria de maior exposição, com diferenças significativas entre o emprego feminino (4,7%) e o masculino (2,4%).
A OIT acrescentou que “essas diferenças aumentam com a renda dos países (9,6% de mulheres vs. 3,5% de homens no Gradiente 4 nos países de alta renda), assim como a exposição geral (11% do emprego total nos países de baixa renda vs. 34% nos países de alta renda)”.
A transformação e impacto da IA nas atividades é inevitável na maioria dos casos, por causa da exigência de intervenção humana nas tarefas, segundo o estudo que apresentou dados semelhantes a um levantamento de 2023 do Goldman Sachs. Nesse caso, o gigante bancário estimou que 46% das atividades administrativas e 44% das judiciárias poderão ser automatizadas por IA. O que pode resultar na extinção de 300 milhões de empregos em tempo integral.
Ao portal de notícias jurídicas Conjur, o juiz titular do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, Ney Maranhão, concordou que a IA representa maior ameaça às atividades com maior grau de tarefas repetitivas, coleta e processamento básico de dados. Para o magistrado, a IA pode executar essas tarefas, “às vezes melhor que o ser humano.”
Maranhão deve se aprofundar sobre essa e outras questões em um painel sobre os impactos da IA na Justiça e no trabalho, durante o XV Congresso Internacional de Direito e Processo do Trabalho, evento organizado pela Academia Brasileira de Direito do Trabalho (ADBT) e que acontece entre os dias 1º e 3 de outubro em São Paulo.
Para o juiz trabalhista, a transformação de tarefas e processos acarretará dois fenômenos abordados pelos estudos. Um deles o “upskilling”, caracterizado pela permanência dos profissionais em suas atividades, porém com capacitação tecnológica para uso das ferramentas de IA, caso dos próprios juízes, conforme observou o magistrado. O outro, acrescentou Maranhão, é o “reskilling”, que é a migração de trabalhadores para outras áreas em decorrência da substituição de suas atividades pela IA.
Durante a reunião de cúpula no Rio, o Brics defendeu a IA de código aberto com governança global centrada na ONU, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.