Resumo da notícia:
Pesquisa para avaliar transformação da IA nas relações humanas dentro das escolas aponta forte aderência da tecnologia.
Desconhecimento tecnológico pode ser barreira para oportunidades, mas comportamento humano é o maior desafio.
Tecnologia potencializa o ensino, mas não substitui a presença do professor, destaca ANEC.
Uma pesquisa divulgada esta semana pela Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) revelou que 78,1% das escolas do país já utilizam a inteligência artificial (IA) em processos pedagógicos ou administrativos, ou estão em fase de testes.
A pesquisa foi realizada com 91 instituições de ensino associadas à ANEC, com predominância de respostas da região Sudeste (57,1%), seguidas pelas regiões Sul (18,7%), Centro-Oeste (14,3%), Norte (11%) e Nordeste (9,9%). O levantamento teve foco principal na educação básica, especialmente nos níveis fundamental (86,8%) e médio (82,4%), o que garante uma visão abrangente sobre o impacto da tecnologia no cotidiano escolar, de acordo com a entidade.
Segundo a ANEC, o plano amostral é representativo, já que a instituição sem fins lucrativos representa uma rede educacional presente em 900 municípios do Brasil, com 1.200 escolas e 81 instituições de ensino superior, que atendem mais de 1,5 milhão de alunos e realizam 172 obras sociais vinculadas a 363 mantenedoras.
A diretora-presidente da ANEC, irmã Iraní Rupolo, salientou que “a pesquisa foi desenvolvida para compreender como a inteligência artificial e as tecnologias digitais estão transformando as relações humanas dentro da escola”.
Nosso propósito é apoiar gestores e professores a equilibrar inovação e vínculo, garantindo que a tecnologia seja uma aliada do processo educativo e não um substituto das relações humanas que formam o estudante integralmente, explicou.
Em suas conclusões, os educadores participantes da pesquisa alertaram que o desconhecimento do processo tecnológico, presente no cotidiano das pessoas, pode fechar possibilidades para o presente e para o futuro. Segundo eles, a pesquisa comprovou que as plataformas digitais, aplicativos educacionais e recursos de realidade virtual estão sendo incorporados às práticas pedagógicas para tornar as aulas mais interativas e estimular criatividade, pensamento crítico e protagonismo estudantil. O uso planejado da tecnologia tem ampliado oportunidades de aprendizado e favorecido metodologias mais dinâmicas e colaborativas.
Apesar dos avanços, a pesquisa revelou que o principal obstáculo não é técnico, mas humano. Entre os desafios mais citados pelas instituições estão o uso inadequado ou não pedagógico das tecnologias (58,2%) e a distração dos alunos durante as aulas (54,9%).
De acordo com os educadores que participaram da pesquisa, os estudantes frequentemente recorrem a recursos digitais em vez de interações presenciais, o que compromete engajamento e concentração. Além disso, há impactos percebidos na memória de médio e longo prazo, no desenvolvimento de habilidades essenciais e na valorização do professor. Segundo eles, os alunos confiam muito nas tecnologias e esperam que elas ofereçam todas as respostas, sem se preocupar em desenvolver habilidades essenciais para resolução de problemas.
Logo não veem no professor alguém importante no seu processo de formação e desenvolvimento”, ressaltou um representante da pesquisa.
Paradoxo da Educação 5.0
A pesquisa mostrou ainda que, para equilibrar inovação tecnológica e vínculo humano, as instituições têm investido em ações centradas na mediação pedagógica e no fortalecimento da relação professor-aluno. As medidas mais citadas foram projetos interdisciplinares e colaborativos (49,5%), formação continuada com foco em vínculos humanos (28,6%) e espaços de escuta e acolhimento (19,8%).
A ANEC observou que a tecnologia potencializa o ensino, mas não substitui a presença do professor. Para as instituições, a IA e outras ferramentas digitais produzem melhores resultados quando utilizadas de forma planejada, intencional e mediada, equilibrando inovação e interação humana.
O estudo concluiu que o futuro da educação passa por repensar a sala de aula, garantindo que o professor permaneça como eixo central e que a tecnologia seja uma aliada do aprendizado, da inclusão e do desenvolvimento integral do estudante.
Na esteira do avanço da tecnologia na Educação, um deputado protocolou em abril um projeto de lei que inclui a inteligência artificial na grade curricular dos ensinos fundamental e médio, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.