A corrida global por vacinas eficientes contra a COVID-19 já chegou aos mercados paralelos online, especificamente em anúncios na Deep Web, como noticiou o Business Insider.

Segundo a matéria, uma série de anúncio prometendo a venda de vacinas por Bitcoin (BTC) está disponível na Deep Web, em sites que não aparecem nos sistemas de busca, vendidas em pacotes que seriam enviados desde a Suécia com até 1 litro da vacina, sem especificar qual a vacina ou o fabricante em questão.

Segundo um relatório da empresa de segurança cibernética Check Point, pelo o menos um dos anúncios provou-se uma farsa. A empresa negociou a compra de uma vacina através do Telegram e pagou US$ 750 (cerca de R$ 4.000), mas logo depois o anúncio foi apagado e o vendedor desapareceu.

O maior anúncio, com um lote inteiro da suposta vacina, com 10.000 doses, está a venda por R$ 158.000 em BTC.

Outra característica que deixa claro que as vacinas à venda podem ser um golpe é o tempo prometido para a imunização: 14 doses por pessoa, quando a maioria das vacinas disponíveis requer duas doses para imunizar o paciente.

Segundo a Check Point, os primeiros anúncios começaram a surgir na Deep Web logo depois da aprovação da primeira vacina para uso emergencial em dezembro de 2020, e desde então as ofertas só cresceram. A empresa descreveu no relatório:

“Acreditamos que isso se deva a um aumento na demanda de indivíduos que não desejam esperar semanas ou meses para receber a vacinação dos governos de seus países”

A corrida global por vacinas tem gerado crises políticas internas e externas nos países, especialmente nas duas nações com maior número de casos do coronavírus no mundo, Brasil e Estados Unidos.

Nos EUA, o presidente Donald Trump passou meses negando a gravidade da crise sanitária e até propagando os efeitos da cloroquina, um medicamento com graves efeitos colaterais e que - como comprovado cientificamente - não trata nenhum dos sintomas da COVID-19.

Forçado a mudar o rumo de suas declarações, Trump descarregou milhões de doses de cloroquina a seu parceiro ao sul do continente, o Brasil de Jair Bolsonaro. Derrotado nas eleições pelo democrata Joe Biden, Trump também acelerou a aprovação das vacinas e os Estados Unidos começaram a vacinação em dezembro de 2020.

No Brasil, que tem um morto por COVID-19 a cada 10 no mundo, Bolsonaro nomeou um militar da ativa como Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e tem colhido resultados catastróficos. O presidente, seus filhos e aliados fizeram pressão política sobre o governo do Amazonas, que há duas semanas desistiu de impor um lockdown à população.

No início desta semana, o ministro Pazuello visitou o Amazonas, mas não notou que o estado estava prestes a ficar sem oxigênio com as UTIs lotadas de pacientes da COVID-19, pois sua missão era pressionar o governo estadual a distribuir "kits preventivos" contra a doença - um tratamento que não tem eficácia nenhuma - para a população.

No mais recente vexame internacional do país, o Ministério da Saúde preparou dois aviões para buscar 2 milhões de doses de vacina na Índia, mas esqueceu de combinar com o gigante asiático. Com as aeronaves prontas para levantar vôo no Brasil, a Índia mandou avisar na noite da última quinta-feira que a exportação de vacinas "deve esperar um tempo".

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