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Walter BarrosWalter Barros

USP desenvolve ferramenta de IA capaz de prever agressividade do câncer

Desenvolvido em parceria com universidade polonesa, PROTsi utiliza marcadores de proteína.

USP desenvolve ferramenta de IA capaz de prever agressividade do câncer
Brasil

Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) e da Universidade de Ciências Médicas de Poznan, na Polônia, anunciaram o desenvolvimento de uma ferramenta de inteligência artificial (IA) capaz de prever a agressividade de vários tipos de câncer.

De acordo com informações publicadas em junho pela revista científica Cell Genomics, a ferramenta de aprendizado de máquina está calcada no índice de stemness baseado na expressão proteica (PROTsi), que se refere ao quanto as células tumorais se assemelham às células-tronco pluripotentes, aquelas capazes de se transformar em quase todos os tipos celulares do organismo. Isso permite identificar precocemente características importantes do câncer, como resistência a tratamentos e risco de recidiva, possibilitando o desenvolvimento de terapias mais personalizadas e eficazes, segundo informações do Centro de Terapia da USP (CTC – USP).

O PROTsi foi desenvolvido a partir de 1.300 amostras do Consórcio de Análise Proteômica Clínica de Tumores (CPTAC), referentes a 11 tipos diferentes de câncer, incluindo câncer de mama, ovário, pulmão, rim, útero, cérebro (pediátrico e adulto), cabeça e pescoço, cólon e pâncreas. Segundo o CTC, a ferramenta de IA se mostrou eficaz na diferenciação de tumores de maior grau em amostras de adenocarcinoma, útero, pâncreas e câncer cerebral pediátrico.

Segundo informações da Agência Fapesp, a integração do PROTsi com dados proteômicos de 207 células-tronco pluripotentes (capazes de se diferenciar em todos os tipos de célula do organismo, exceto as embrionárias), o grupo identificou proteínas que impulsionam a agressividade de alguns tipos desses tumores. Essas moléculas podem ser possíveis alvos para novas terapias gerais ou específicas. Com isso, a ferramenta também contribui para a personalização da terapia anticâncer, além do avanço do desenvolvimento clínico de tratamentos.

Muitas dessas proteínas já são alvos de medicamentos disponíveis no mercado para pacientes de câncer e outras doenças. Podem ser testadas em trabalhos futuros a partir dessa identificação. Chegamos a elas ao fazer a associação entre o fenótipo de stemness e a agressividade tumoral, explicou a professora Tathiane Malta, do Laboratório de Multiômica e Oncologia Molecular da FMRP-USP.

Em outra frente, o Conselho Nacional de Educação (CNE) avalia uma proposta para incluir a IA na grade de temas obrigatórios em cursos de graduação em Pedagogia e Licenciaturas no país, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.