Resumo da notícia:

  • UMG e Udio fecham parceria para criação de plataforma de “criação de música por IA”.

  • Empresas dizem que superaram questões judiciais e dizem que mineração da IA usará apenas músicas autorizadas e licenciadas.

  • No Brasil, representantes do meio artístico e especialistas em direito autoral rechaçam “mineração descarada” treinar IA.

  • TuneTraders aposta na tokenização de composições como antídoto ao plágio por IA.

A Universal Music Group (UMG) anunciou nesta quinta-feira (30) uma parceria como a startup Udio, para lançamento de uma plataforma de “criação de músicas” por inteligência artificial (IA).

O anúncio da nova plataforma acontece em meio a uma enxurrada de processos judiciais no exterior, envolvendo, inclusive, a própria Udio. O que se repete no Brasil, onde os compositores defendem um marco regulatório protetivo à criação humana, enquanto o mercado desenvolve ferramentas para rastreamento de plágio por IA, com ajuda de tecnologias com a blockchain, que suporta as criptomoedas.

As empresas alegaram que “resolveram litígios de violação de direitos autorais e colaborarão em uma nova e inovadora experiência comercial de criação, consumo e streaming de música. Segundo elas. as empresas, a nova plataforma, que será lançada em 2026, será impulsionada por uma tecnologia de IA generativa de ponta, treinada com músicas autorizadas e licenciadas. As empresas também disseram que “o novo serviço de assinatura transformará a experiência do usuário, criando um ambiente licenciado e protegido para personalizar, reproduzir e compartilhar músicas de forma responsável na plataforma Udio.

Estamos extremamente entusiasmados com esta colaboração e com a oportunidade de trabalhar ao lado da UMG para redefinir como a IA empodera artistas e fãs”, disse o cofundador e CEO da Udio, Andrew Sanchez.

Sanchez disse ainda que “este momento concretiza tudo o que temos construído – unir a IA e a indústria da música de uma forma que realmente beneficie os artistas. Juntos, estamos construindo o cenário tecnológico e de negócios que expandirá fundamentalmente o que é possível na criação e no engajamento musical”.

Por sua vez, o presidente e CEO da UMG, Sir Lucian Grainge, declarou que “esses novos acordos com a Udio demonstram nosso compromisso em fazer o que é certo para nossos artistas e compositores, seja adotando novas tecnologias, desenvolvendo novos modelos de negócios, diversificando as fontes de receita ou muito mais”.

Estamos ansiosos para trabalhar com Andrew, que compartilha da nossa crença de que, juntos, podemos fomentar um ecossistema de IA comercial saudável, no qual artistas, compositores, gravadoras e empresas de tecnologia possam prosperar e criar experiências incríveis para os fãs, emendou.

No Brasil, representantes do meio artístico e especialistas em direito autoral participaram de uma audiência na Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados na última terça-feira (28). Na ocasião, eles reclamaram do uso indevido de tecnologia na mineração de conteúdo criativo sem pagamento royalties, no que o ex-vocalista do Barão Vermelho Roberto Frejat qualificou como “mineração descarada” treinar IA. O que pode representar uma perda de R$ 116 bilhões para criadores de música e audiovisuais nos próximos cinco anos, segundo o representante da União Brasileira dos Compositores, Manno Goes.

Por outro lado, a utilização de tokens para treinamento de IA também pode ser uma ferramenta contra o plágio. Esta é a aposta da startup brasileira de tecnologia de música TuneTraders, através de uma plataforma tokenizadora de composições que possibilita identificar eventuais plágios de plataformas de “criação de música por IA”, através de blockchain.

De acordo com a startup, o sistema desenvolvido 100% no Brasil é capaz de identificar com precisão a presença de IA em composições musicais, determinando inclusive quais obras foram usadas para treinar o modelo de IA e em que trecho da música essas influências foram inseridas.

A TuneTraders salientou que o desenvolvimento do protocolo em blockchain oferece rastreabilidade, aferição e auditoria confiável com precisão e rapidez. Através dele, é possível comparar melodia original, tipo de especificação do arquivo e histórico de criação da música, conferindo segurança e transparência a todos os envolvidos na cadeia fonográfica — de músicos a distribuidores, de players digitais a entidades reguladoras.

A startup nacional salientou que a ferramenta surge em meio a um problema crescente e sem precedentes na indústria fonográfica: o crescimento exponencial da produção musical baseada exclusivamente em IA. Em abril deste ano, por exemplo, a plataforma Deezer revelou que recebe cerca de 20 mil músicas geradas por inteligência artificial por dia — número que acendeu um alerta no setor.

Esta semana, uma pesquisa divulgada pela Quod também apontou que a IA ajudou no crescimento de 38% em golpes com contas laranjas, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.