Resumo da notícia:

  • Maduro usa criptomoedas e exchanges na criação de “trilha financeira paralela” para contornar Trump.

  • Risco de hiperinflação em 2026 também pode ajudar a fomentar a adoção de criptomoedas no país sul-americano.

  • Colapso financeiro não assusta; Chevron sai no prejuízo.

O regime do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, intensificou nos últimos meses a adoção de criptomoedas como forma de driblar o crescimento das sanções impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

De acordo com uma reportagem desta semana do The New York Times, a estratégia de Maduro começou no final do ano passado, após a vitória de Trump. De lá pra cá, grande parte do petróleo venezuelano exportado à China passou a ser pago através de stablecoins lastreadas no dólar americano, como Tether (USDT), que passaram a representar até 50% das divisas no país.

Em outra frente, Maduro abriu as portas da Venezuela para exchanges e outras Prestadoras de Serviços Ativos Virtuais (PSAVs). O que fomentou no país a criação de uma espécie de “trilha financeira paralela”, já que cidadãos comuns e motoristas de aplicativos passaram a utilizar exchanges como a Binance para conversão de bolívares em stablecoins e outras criptomoedas.

Segundo a publicação, a Tether, principal stablecoin em capitalização de mercado, recusou-se a comentar o assunto, afirmando que coopera com as autoridades em casos de lavagem de dinheiro. Apesar disso, especialistas lembraram que a emissora do USDT possui mecanismos para rastrear e congelar tokens, o que pode ser um risco para Caracas.

A possibilidade de rastreamento e congelamento de stablecoins do “ecossistema paralelo de Maduro” foi mencionado porque a estratégia do presidente venezuelano foi justamente usar as criptomoedas para escapar do radar dos EUA, que conseguem supervisionar e bloquear facilmente as remessas em dólares através de bancos tradicionais. Além disso, o World Economic Outlook (WEO), relatório publicado este mês pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), estimou que a inflação na Venezuela salte de 269,6% este ano para 682,1% em 2026. O que pode empurrar ainda mais a Venezuela para as criptomoedas, já que o país gerencia parte de suas finanças públicas via blockchain.

Outros números vão na mesma direção, entre eles o aumento de 12% nas exportações de petróleo este ano. O que levou alguns economistas e empresários a apostar que Maduro pode evitar um colapso financeiro almejado por Trump, usando criptomoedas.

Se há um país capaz de provar que, mesmo com sua economia em colapso, não muda de governo, esse país é a Venezuela. Quando o país fica mais pobre, o governo não fica mais fraco, disse Francisco Rodríguez, economista venezuelano que estuda sanções na Universidade de Denver.

No prejuízo, a estadunidense Chevron, que injetou quase US$ 2,4 bilhões na economia venezuelana no ano passado, cerca de um terço do suprimento da moeda forte circulante no país sul-americano, entregou em agosto metade de sua produção de petróleo à estatal venezuelana P.D.V.S.A. O que aconteceu depois que o governo Trump barrou a injeção de dinheiro da empresa na Venezuela, abrindo caminho para as stablecoins vindas da China, principalmente.

Na Argentina, a arbitragem com stablecoins “rulo” “saiu vitoriosa” nas eleições legislativas vencidas pelo partido do presidente Javier Milei, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.