Negociado em torno de US$ 60,2 mil (+2,1%) no início da tarde desta terça-feira (17), o Bitcoin (BTC) atingiu nos últimos dias a maior dominância de mercado desde a máxima histórica do benchmark, em março deste ano. O que, a considerar o clima de incerteza dos mercados nas últimas semanas e a crescente busca por stablecoins, fortaleceu o BTC como porto seguro, segundo um insight da Kaiko Research.

De acordo com a empresa de pesquisa e análise de dados, o domínio do BTC aumentou constantemente neste trimestre, à medida que os preços caíram e volatilidade disparou. De acordo com os dados reportados pela Kaiko, o domínio do Bitcoin sobre as cinquenta principais altcoins por capitalização de mercado está agora em seu nível mais alto desde a última vez que os preços se aproximaram de máximas históricas. 

Gráfico de quatro anos da dominância do Bitcoin sobre as 50 principais altcoins. Fonte: Reprodução/KaiKo

“Essa tendência não é incomum, pois os traders frequentemente saem das altcoins de volta para o Bitcoin, considerado um ‘porto seguro cripto’ durante períodos de incerteza”, observou o relatório.

A análise ressaltou que o apelo do Bitcoin como uma aposta segura ficou particularmente claro durante a recente liquidação de risco. Em particular entre os dias 4 e 6 de agosto, em meio à piores liquidações de criptomoedas dos últimos anos. Período em que, segundo a plataforma, o delta de volume cumulativo (CVD) do Bitcoin, que é um indicador-chave de pressão de compra e venda, permaneceu fortemente positivo nas exchanges dos Estados Unidos enquanto as altcoins lutavam.

Em linhas gerais, o terceiro trimestre foi marcado pela perda de desempenho das principais altcoins de mercado frente ao Bitcoin, incluindo o Ethereum (ETH). Nesse caso, observou a Kaiko, a perda de força do token nativo da blockchain líder dos contratos inteligentes coincidiu com o lançamento de fundos negociados em bolsa (ETFs) baseados em negociação à vista (spot), embora a tendência tenha sido a mesma entre outras importantes altcoins.

Principais altcoins com pior desempenho frente ao BTC no terceiro trimestre. Fonte: Reprodução/Kaiko

Outro sinal de enfraquecimento das altcoins apontado pela Kaiko foi o recuo do interesse pelos mercados futuros perpétuos de altcoins. Por exemplo, o interesse pela Solana (SOL) na Binance caiu de mais de US$ 1,2 bilhão em março para menos de US$ 680 milhões nesta quinta-feira.

Na avaliação da empresa de análise, o lançamento de ETFs spot de Bitcoin em janeiro desse ano solidificou o Bitcoin como porto seguro enquanto as altcoins continuam a enfrentar prêmios de risco mais altos. 

“Outra explicação é o atual clima global de aversão ao risco e a falta de narrativa cripto, enquanto as políticas divergentes dos bancos centrais tornam o ambiente macro global desafiador. O sentimento do mercado mudou claramente após a liquidação de 5 de agosto, com as taxas de financiamento permanecendo neutras a negativas desde então, sugerindo uma demanda otimista geral baixa”, enfatizou a Kaiko, acrescentando que o domínio do BTC também está presente no mercado tradicional.

Sobre a adoção de stablecoins, que são altcoins lastreadas em moedas fiduciárias como o dólar americano (USD) e o real brasileiro (BRL), o inshight observou que, em 2024, a taxa de rotatividade de stablecoins aumentou, aumentando a evidência da crescente adoção. A taxa de rotatividade, calculada pela divisão do volume anual de negociação pela capitalização de mercado do fim do ano, mede a frequência com que um ativo é negociado. Um aumento nessa taxa sugere que o volume de negociação está crescendo mais rápido do que a capitalização de mercado, refletindo o maior uso de stablecoins como meio de trading. 

No caso do USDT da Tether, a maior stablecoin por capitalização de mercado, o token viu sua taxa de rotatividade subir de 48 para 56. Da mesma forma, o USDC da Circle viu um aumento de 18 para 25. Embora as stablecoins geralmente tenham taxas de rotatividade muito maiores em comparação a outros criptoativos, essas taxas moderaram significativamente em comparação aos primeiros anos de 2018 e 2019, segundo a Kaiko.

Na semana anterior, um relatório da Binance também apontou força das stablecoins, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.