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Cassio GussonCassio Gusson

Para evitar garimpo ilegal de ouro na área Yanomami, entidades querem usar blockchain

Entidades, governo e deputados querem usar blockchain para controle do ouro ilegal extraído na Amazônia

Para evitar garimpo ilegal de ouro na área Yanomami, entidades querem usar blockchain
Notícias

Os problemas do garimpo ilegal em terras indígenas na Amazônia está afetando a produção e comercialização destes produtos no mercado internacional depois que a situação de desnutrição dos índios Yanomami foi revelada recentemente.

Atualmente, a compra e venda de ouro acontece em uma zona cinzenta do mercado, onde não há comprovação de origem e rastreabilidade, o que levanta preocupações sobre a reputação do setor. Enquanto o governo busca regulamentações para combater a ilegalidade no comércio de ouro, uma possível solução para garantir a origem ética do ouro na indústria joalheira é a utilização da tecnologia blockchain.

Representantes do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM) se reuniram com diretores de Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (DTVMs) para exigir a certificação do ouro, a compra via sistema bancário com pagamento na conta do titular da Permissão de Lavra Garimpeira (PLG).

Além da contratação de uma empresa para desenvolver um sistema de blockchain que permita a rastreabilidade do ouro desde a primeira aquisição até chegar à indústria joalheira.

A implementação da tecnologia blockchain pode garantir a transparência e a verificação da origem ética do ouro, aumentando a confiança dos consumidores e a reputação do setor joalheiro.

Além disso, o governo está elaborando uma regulamentação para eliminar as brechas existentes na legislação atual, instituir novos parâmetros para a compra, venda e transporte de ouro no país, e acabar com o conceito de boa-fé na aquisição de ouro por instituições financeiras.

A certificação do ouro e a rastreabilidade por meio da tecnologia blockchain podem ser alternativas promissoras para resolver o problema da contaminação do ouro extraído ilegalmente em terras indígenas na Amazônia e garantir a origem ética do ouro na indústria joalheira.

Projeto de Lei

No poder legilslativo, a Deputada Federal, Joenia Wapichana (REDE/RR), protocolou no ano passado um Projeto de Lei, PL 2159/2022, no qual pede que todo o ouro minerado e extraído no Brasil possua um sistema de rastreamento com blockchain. O PL pede alteração nas Leis nº 7.766, de 11 de maio de 1989, e nº 9.613, de 03 de março de 1998. Além de revogar artigos da Lei nº 12.844, de 19 de julho de 2013.

Com o PL, Wapichana, pretende que sejam criadas novas normas para a compra, a venda e o transporte de ouro em território nacional. Segundo justifica a Deputada, o Brasil precisa dispor de um sistema de rastreabilidade opara seu ouro pois o país comercializou cerca 229 toneladas de ouro com indícios de ilegalidade entre 2015 e 2021.

"Isso é praticamente metade da produção nacional e a maior parte desse ouro veio da Amazônia", destaca.

Ela também destaca que estudo apontam que a área ocupada pelos garimpos na Amazônia já é maior que a área da mineração industrial em todo o país e que somente nas Terras Indígenas, onde a mineração não é permitida, os garimpos cresceram cinco vezes em dez anos.

"Essas operações vêm acompanhadas de contaminações por mercúrio, violência e desmatamento, como tem sido frequentemente relatado pela imprensa nacional e internacional, e pelas organizações da sociedade civil que lutam pela proteção da floresta e pela garantia dos direitos dos povos indígenas", aponta no PL.

Uso de blockchain

Desta forma a Deputada acredita que com o uso de blockchain na rastreabilidade da cadeia de produção estes números da extração e comercialização ilegal de ouro podem ser revertidos e pede que o uso da cadeia de blocos seja determinado por lei.

"Para aprimorar a fiscalização e dar transparência ao setor, também se estabelece aqui que a Agência Nacional de Mineração implemente um sistema digital único, com registros seguros, fazendo o uso de tecnologias como a blockchain, para consolidar todos os dados e processos das operações minerais com os registros e documentações eletrônicas adicionais sobre as movimentações e vendas, o que lhe permitirá, inclusive, criar alertas para a fiscalização", destaca o projeto.

Além do uso de blockchain a Deputada pede a implementação de outras medidas, que, somadas, ela disse serem "imprescindíveis" para que o Brasil tenha controle sobre sua produção e comércio de ouro e possa, de uma vez por todas, separar o ouro legal, do ouro ilegal e fiscalizar de modo efetivo as operações e punir aqueles que operam e lucram com a ilegalidade.

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