Febre na atual temporada eleitoral americana, os mercados preditivos agora chegam à política brasileira, permitindo que usuários apostem no resultado das eleições para a prefeitura de São Paulo.
Em 29 de agosto, o Polymarket abriu uma bolsa de apostas para que os usuários especulem sobre as chances de vitória dos candidatos envolvidos na disputa. Em sete dias, a disputa pelo cargo de prefeito da maior cidade do país movimentou US$ 68.668 (pouco mais de R$ 380 mil na cotação atual).
Os mercados preditivos são plataformas que permitem aos usuários apostar em resultados de eventos futuros, como eleições, esportes, descobertas científicas, preços de criptomoedas ou indicadores econômicos. Funcionam de maneira semelhante ao mercado de ações, onde os participantes compram e vendem contratos baseados em previsões sobre o desfecho de um evento específico.
A probabilidade de um determinado resultado é refletida nos preços desses contratos. No caso da política, os mercados preditivos podem ser usados como uma ferramenta para captar tendências, embora a precisão dos resultados não necessariamente esteja alinhada à realidade. Ao contrário de pesquisas de intenção de voto, os usuários de mercados preditivos compreendem uma amostragem aleatória e restrita do contingente de eleitores. Além disso, no caso do Polymarket, a participação é aberta a usuários do mundo todo.
Eleição de São Paulo no Polymarket
Os dados do Polymarket sobre a eleição para prefeitura de São Paulo apresentam um cenário bem diferente daquele captado pelas últimas pesquisas de intenção de voto, que mostram um empate técnico entre os três principais candidatos.
Resultado parcial de apostas sobre a eleição para prefeito de São Paulo. Fonte: Polymarket
O influencer e empresário Pablo Marçal (PRTB) lidera com folga no mercado preditivo, com 48% de chances de vitória. Apostar na vitória de Marçal custa US$ 0,48 e na derrota, US$ 0,53. Usuários que apostam contra Marçal podem obter retornos de 85% sobre o valor investido, caso ele não seja eleito. Já aqueles que apostam que ele será o próximo prefeito de São Paulo teriam um retorno de 113%.
Em segundo lugar, está o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), com 33% de chances de reeleição. Pelos valores atuais, uma cota associada à vitória de Nunes custa US$ 0,33, e à derrota, US$ 0,68. O triunfo de Nunes oferece um retorno de 203% sobre o valor apostado, enquanto o fracasso renderia 47%.
O candidato de oposição Guilherme Boulos (PSOL) ocupa a terceira posição, com 20% de chances de vitória. A vitória de Boulos está sendo negociada por US$ 0,20, e a derrota, por US$ 0,81. Caso seja eleito, os apostadores em seu favor lucrariam 385%. Se Boulos perder, aqueles que apostaram contra ele teriam ganhos de 123%.
Todos os demais candidatos aparecem com menos de 1% de chance de vitória.
Os preços das cotas do Polymarket são dinâmicos e refletem as chances de cada candidato por dólar apostado ao longo da corrida eleitoral. No fim das eleições, as cotas associadas a todos os resultados corretos valerão US$ 1 e as demais irão a US$ 0.
Influência dos mercados preditivos
A influência dos mercados preditivos sobre as decisões dos eleitores também tem sido tema de discussão e debates, visto que eles podem condicionar as percepções do público, alterando a dinâmica da disputa.
Por outro lado, os defensores da ferramenta afirmam que ela contribui para a análise crítica e o engajamento dos cidadãos em questões importantes, ao mesmo tempo em que oferecem uma visão das expectativas coletivas sobre determinados eventos.
No campo da política, os mercados preditivos seriam complementares às pesquisas, servindo como uma ferramenta adicional para a análise de tendências.
Vitalik Buterin, cofundador da Ethereum (ETH) e investidor do Polymarket, é um entusiasta dos mercados preditivos. Ao permitirem que o público se envolva e interaja com eventos importantes, essas plataformas apresentam perspectivas que seriam menos suscetíveis aos vieses editoriais de veículos de mídia tradicional e das plataformas de rede social, segundo Buterin.
Sucesso do Polymarket e as eleições americanas
Baseado na blockchain da Polygon (MATIC), o mercado preditivo Polymarket tornou-se um dos aplicativos mais populares da Web3 em 2024, impulsionado por apostas relacionadas à eleição presidencial dos EUA.
Em 30 de julho, ultrapassou a marca de US$ 1 bilhão em apostas, conforme noticiado pelo Cointelegraph Brasil na ocasião. O crescimento se manteve em agosto, quando o Polymarket atingiu um novo recorde mensal de US$ 472,8 milhões em volume negociado, de acordo com dados da Dune Analytics.
Volume mensal movimentado pelo Polymarket. Fonte: Dune Analytics (@rchen8)
Em média, as apostas relacionadas à política são responsáveis por mais de 75% do volume movimentado pelo Polymarket. As especulações sobre o provável vencedor da corrida eleitoral americana já movimentaram US$ 794 milhões, segundo dados da própria plataforma.
Proporção do volume movimentado por apostas políticas no Polymarket. Fonte: Dune Analytics (@rchen8)
Atualmente, o candidato republicano Donald Trump tem 52% de chances de vitória contra 47% da atual vice-presidente democrata Kamala Harris.