O filho do Presidente da República do Brasil, o Deputado Federal Flávio Bolsonaro (PSL-SP), declarou usando uma reportagem suspeita, durante a reunião de uma Comissão no Senado Federal, que o jornalista Glenn Greenwald teria pagado hackers com Bitcoin para invadir o celular do Ministro da Justiça, Sergio Moro e de outros procuradores e autoridades ligados as investigações da Lava-Jato que culminaram com a prisão do ex-presidente (e candidato contra Bolsonaro) Lula.

O início das acusões foi uma declaração, no Twitter, de um perfil anônimo, @oppavaomisterio (Pavão Misterioso), que afirmava ter provas da contratação de um grupo de hackers russos (Evgeniy Mikhailovich Bogachev, procurado pelo FBI), pelo jornalista, sendo que o serviço, no valor US$ 308 mil, teria sido pago com bitcoin e 'lavados' com Ethereum.

Na sequência, uma matéria publicada no blog Terça Livre (de perfil conservador) teria afirmado que até o fundador do E-Bay, Pierre Omidyar, estaria envolvido no esquema, embora os fatos da matéria não trouxessem nenhuma evidencia de transações de Bitcoin, do envolvimento de Omidyar ou mesmo da contratação dos hackers.

Para provar as alegações do "Pavão", a reportagem, usada pelo filho do presidente, apresenta uma espécie de extrato bancário da transação, que teria saído de uma corretora no Brasil, em Bitcoin, para o Panamá e depois convertida em Ether, e enviada para a Rússia.

No entanto, desde sua publicação, a matéria tem sido encarada com ressalvas pela comunidade bitcoin nacional, tendo em vista as diveras informações equivocadas sobre o BTC, sobre o Ether e sobre o ecossistema hacker.

"Tem uma cara danada de lorota. Nunca vi um sistema de blockchain como aquele e nunca vi não colocarem o número de identificação (da transação). Não me parece algo profissional", declarou Marco Carnut, CTO do Z.RO Bank, ao jornal Estado de São Paulo

Isso contudo não impediu o filho de presidente de usar a suposta fake news para acusar Greenwald e supostamente desviar a atenção do caso Moro/Dallagnol que tem levantado duvidas sobre a imparcialidade das autoridades no julgamento em primeira instância.

Como reportou o Cointelegraph, esta não é a primeira vez que a famila Bolsonaro se 'atrapalha' quando o assunto é Bitcoin. Recentemente, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, declarou que não sabe o que é Bitcoin embora tenha parabenizado um de seus ministros por suspender um projeto que, para ele, envolvia a criptomoeda.

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