Em conversa com o fundador da fintech brasileira Brex, Henrique Dubugras, o brasileiro mais rico do mundo segundo a Forbes, Jorge Paulo Lemann, confessou que está analisando de cinco a dez fintechs por semana para se adaptar aos novos tempos digitais. No entanto, Lemman admite que tem dificuldade em entender modelos de negócio deficitários e questiona: "mas cadê o lucro?"

Lemann é o brasileiro mais rico do mundo e possui um histórico de empreendimentos lucrativos que remonta ao banco Garantia, o primeiro banco de investimentos do Brasil, hoje o BTG Pactual, e também é proprietário da AB Imbev, a maior produtora de cerveja do mundo. Lemann também ficou conhecido por pegar negócios deficitários, como era o caso das Lojas Americanas, na década de 80 e transformá-los em negócios viáveis. 

Durante a conferência anual do Instituto Milkenem 2018 - “Estratégia e Liderança em Uma Era de Disrupção” -, Lemann admitiu publicamente que se sentia um “dinossauro aparovado” diante do avanço das startups sobre os negócios tradicionais, como as fintechs em relação aos bancos.

Negócios colossais, mas sem presença digital forte

Entre as empresas pertencentes à 3G, uma holding de Lemann, há empresas como a AB Inbev, a Restaurant Brands, dona do Burger King, do Tim Hortons, a Krafthanz, B2W que possui em portfólio o Submarino e a americanas.com, todas, como Lemann lutando para se adaptarem aos novos tempos digitais.

Boa parte dessa dificuldade de adaptação das empresas do empresãrio estão calcadas nele próprio, como ele mesmo admite. Para ele, modelos de negócios que não dão lucro não fazem sentido e só gastam o dinheiro dos investidores. Um caso clássico é o Uber, que nunca deu lucro.

Lemman vem estudando os modelos de negócios das fintechs e vem apostando em algumas como a Brex, de Dubugras, que se destina a lançar cartão de crédito para startups no Vale do Silício e na Stone pagamentos.

“Entendemos que a época mudou e temos de nos adaptar. Passamos 10 anos procurando o lucro da Amazon e ela não tinha lucro. Mas veja onde ela chegou.”

A lógica das startups

Como bem lembrado por Lemann, a Amazon é o exemplo citado por todos que investem em startups e mantêm investimentos em operações deficitárias, na esperança dessas empresas um dia darem lucro e valorização extraordinárias, como foi o caso da Amazon, que levou 10 anos para dar lucro.

Imagem: Tradingview

É interessante observar o fenômeno de valorização da Amazon. Ela cresce a passos largos e sem concorrentes, há muitos anos, o que permite que a empresa cresça e se valorize, sem se preocupar com lucros. O valor de mercado da Amazon é de US$ 1 trilhão.

A filosofia de Lemann em seus negócios, porém, é de manter os custos os mais baixos possíveis e buscar escala para se obter lucro o quanto antes. Negócios deficitários não devem ser mantidos, segundo a lógica do empresário.

Diante desse cenário, o empresário tem tentado entender a lógica das startups, tendo lançado com seus sócios a LTS investimentos para estudar e porventura investir em negócios que possam valer a pena. Mesmo analisando uma média de 15 planos de negócios por semana, Lemman disse que ainda não achou nada que valha a pena voltar a investir a curto prazo.

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