A Bitget revelou em uma pesquisa de perfil de usuário que 32.7% dos brasileiros dedicam até 15% de sua renda em investimento em criptomoedas. O número é superior ao identificado em países como Argentina e México, em que 12% e 10% da população investe até 15% de sua renda em ativos digitais, respectivamente.

A pesquisa foi conduzida entre 3 e 5 de junho a partir de um questionário enviado aos usuários da Bitget no Brasil, Argentina e México. 683 usuários participaram do levantamento no Brasil, 630 na Argentina e 470 no México.

A análise considera que 46,2% dos brasileiros que investem em criptomoedas têm mais de 45 anos, sendo 81,1% do gênero masculino. A maior parte dos investidores (41%) iniciaram há menos de um ano sua jornada no universo das criptomoedas.

O mapeamento traz ainda que 43,8% dos investidores no Brasil não possuem outro tipo de investimento tradicional e 52,9% consideram como brilhante o futuro das criptomoedas e que elas substituirão as moedas físicas.

45.2% dos brasileiros que investem em cripto preferem o YouTube (45,2%) como rede social, seguido pelo Twitter, com 20,2%. Perguntados sobre a principal fonte de informação para criptomoedas, 72,1% preferem os sites de notícias e 18,3% optam pelo conteúdo próprio das corretoras.

Para Caio Nascimento, gerente de Marketing da Bitget para a América Latina, o rápido crescimento na base de entusiastas e investidores em cripto no Brasil se deve ao histórico positivo de inclusão financeira do país, o que leva a outras formas de investir.

“O Brasil tem uma cultura de investimento mais consolidada do que outros países da região, além de uma economia mais estável. Outros países enfrentam um cenário econômico mais adverso no momento, como a Argentina, enquanto outros, como o México, possuem ainda uma baixa adesão de serviços bancários, por isso a diferença nos números”, ressalta.

Contadores no setor de criptomoedas

No entanto, apesar do crescimento dos investimentos e dos investidores em criptomoedas, o setro de contabilidade vem ignorando este segmento como mostra uma pesquisa da Recap, que salientou a oportunidade que os contadores podem estar perdendo ainda mais com o aumento das regulamentações de criptoativos em diversos locais do mundo.

A pesquisa analisou os dados de pesquisa do Google para mostrar que o apetite mundial de contadores que procuram se envolver em cripto caiu 3% nos últimos três meses globalmente - e caiu 14% no ano passado. A Recap também realizou uma pesquisa global no Reddit, perguntando aos contadores se eles estão tentando aumentar ativamente suas habilidades na contabilidade de criptomoedas, com apenas 9% respondendo sim.

Apesar de Londres ter sido recentemente nomeada a cidade mais cripto-pronta do mundo, o Reino Unido teve uma queda de 7% nos últimos três meses e uma queda adicional de 12% anualmente.Isso ocorre apesar de um aumento de 26% nas pesquisas no Google no Reino Unido de pessoas que procuram “investir em cripto”, sugerindo uma lacuna entre o nível de habilidade dos contadores e a demanda de investidores por suporte.

A Holanda foi o único país a ver um aumento positivo no ano passado das 15 palavras-chave analisadas - em apenas 1%. México, Gana e Turquia tiveram a maior queda - com quedas de mais de 25%. No Brasil a queda observada foi de 16%.

“As criptomoedas são uma oportunidade real para os contadores, evidenciada pela crescente demanda dos investidores, e a construção de conhecimento na área pode ajudá-lo a se destacar no mercado mais amplo”, disse Daniel Howitt, cofundador e CEO da Recap.

Criptomoedas e liberdade

O crescente mercado de criptomoedas tem provocado debates acalorados em relação à liberdade e segurança dos ativos digitais. Denise Cinelli, Country Manager da CryptoMarket, lança luz sobre a necessidade de equilíbrio entre esses dois aspectos divergentes.

"A ideia original das criptomoedas era criar um sistema monetário que reduzisse o papel central dos bancos e permitisse às pessoas serem proprietárias de seu próprio dinheiro. O conceito veio de Satoshi Nakamoto, que em 2008, em meio a uma crise econômica global, introduziu o Bitcoin como uma resposta à quebra do banco de investimento Lehman Brothers", explicou Cinelli. O objetivo era quebrar a estrutura tradicional de concentração de poder e capital.

No entanto, o cenário não é tão idílico quanto parece. "O valor descentralizado das criptomoedas tem sido explorado para atividades ilícitas, como golpes, roubos, falsificação de identidade, lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo", advertiu Cinelli.

Em contrapartida, há aqueles que defendem uma regulação do mercado de criptomoedas. Argumentam que, à medida que as criptomoedas se tornam parte integrante da economia global, é crucial estabelecer regras para proteger os usuários e garantir a estabilidade financeira. Entre os problemas a serem abordados estão a volatilidade extrema dos preços, lavagem de dinheiro, fraude e manipulação de mercado.

"Com normas adequadas, podemos aumentar a confiança dos investidores e promover a adoção generalizada das criptomoedas", ressaltou Cinelli.

No entanto, a especialista propõe uma alternativa - uma terceira via que equilibra liberdade e segurança. "Por que não criar um ambiente onde os usuários e operadores sigam regras específicas que, por sua vez, permitam operações com mais garantias e proteção?"

Essa abordagem respeita a descentralização das criptomoedas e a independência dos bancos, e ao mesmo tempo, reconhece a necessidade de regulamentações que garantam um campo de jogo igual para ativos digitais e sistemas financeiros tradicionais.

"Devemos confiar na própria segurança que esses ativos nos proporcionam por meio da tecnologia blockchain, e ao mesmo tempo, avançar na criação de regulamentações que ajudem a nivelar o campo de jogo", enfatizou Cinelli.

Ela concluiu: "É hora de encontrar uma maneira de as criptomoedas e o sistema financeiro tradicional coexistirem harmoniosamente. Esta tecnologia veio para inovar o mercado financeiro, promovendo a inclusão financeira e aprimorando a maneira como lidamos com o dinheiro e os investimentos".