A manutenção de senhas pessoais e chaves de acesso é um dos maiores problemas do mundo digital contemporâneo, e os proprietários de Bitcoin (BTC) não passam longe dessa lógica.

Há casos recentes famosos de detentores de Bitcoin que perderam acesso a suas carteiras - e consequente milhões (ou bilhões) de dólares em fundos. O mais conhecido do criptomercado é o do dono da exchange falida QuadrigaCX, que faleceu em 2018 levando as chaves únicas de carteiras com R$ 700 milhões em BTC.

Mais recentemente, um dos detradores do Bitcoin, o entusiasta do ouro Peter Schiff, perdeu acesso a sua carteira de Bitcoin por "não lembrar a senha", classificando o episódio como "meu pior investimento, já que eu perdi 100%". E completou:

“A coisa mais básica sobre Bitcoin é que não é dinheiro. Não terá sucesso como meio de troca ou como reserva de valor. O que o episódio mostra é como é fácil perder seu Bitcoin se você está confuso sobre como as carteiras funcionam.”

Apesar da raiva de Schiff contra o Bitcoin, o único culpado da perda de acesso é ele mesmo, já que logo depois ele reconheceu que "confundiu" as senhas de acesso de sua carteira, inutilizando-a para sempre.

Outro caso mais grave veio à tona nesta semana, quando um programador contou que perdeu acesso a uma carteira com nada menos que R$ 1,35 bilhão em Bitcoin. O alemão Stefan Thomas tinha 7.000 BTC em sua carteira e perdeu o "pedaço de papel" com o acesso ao disco rígido com os Bitcoins.

Em sua defesa, ele não tinha acesso à carteira desde 2011, quando a moeda valia US$ 40, e ainda tem o disco rígido, mesmo tendo feito 8 das 10 tentativas possíveis para recuperar o acesso.

De fato, um dos maiores pesadelos de qualquer usuário de criptomoedas é perder acesso a sua carteira. Segundo a empresa de inteligência Chainalysis, R$ 747 bilhões, ou 20% do suprimento total do Bitcoin, já foram perdidos em carteiras sem acesso, como conta matéria do UOL.

Nos Estados Unidos, o Serviço de Recuperação de Carteiras da carteira fria Iron Key responde a cerca de 70 pedidos por dia de pessoas com dificuldades de acesso aos fundos.

Há uma série de riscos envolvidos em carteiras de Bitcoin, alguns pessoais e outros externos. Quem mantém carteiras online, por exemplo, as chamadas "hot wallets", está sujeito a ataques de hackers e programas potencialmente maliciosos, que podem limpar os fundos das vítimas em poucos segundos.

Já quem possui as carteiras frias na maioria das vezes não pode culpar terceiros. Discos rígidos formatados, papéis perdidos, memória falha e falta de cuidados básicos com informações importantes - e valiosas - já foram culpados pela perda de bilhões em Bitcoin e outras criptomoedas.

Como se vê, mesmo grandes especialistas do criptomercado estão sujeitos a falhas e imprevistos, como no caso do falecido dono da QuadrigaCX. Uma vez que o Bitcoin é essencialmente virtual, o que facilita por um lado a transferência rápida de fundos por todo o mundo, ele também traz o risco de colocar tudo a perder de uma só vez.

Por isso, é preciso ter cuidado tanto com o armazenamento dos fundos, que tipo de carteiras usar, os riscos de segurança e - talvez o mais importante - manter as chaves de acesso em um local em que elas não sejam perdidas, esquecidas ou inutilizadas.

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