A Polícia Civil de Santos deve instalar um inquérito para investigar as atividades da BWA, empresa com sede no litoral paulista e que é acusada de ser uma pirâmide financeira que oferecia retornos por meio de supostas aplicações com Bitcoin, segundo informou em 06 de fevereiro o jornal Tribuna.

As suspeitas da Polícia é que a empresa tenha cometido crimes contra a economia popular, por prática de pirâmide financeira, além de estelionato e lavagem de dinheiro. A empresa também teria deixado uma dívida de mais de R$ 400 milhões com seus clientes, muitos que têm recorrido a justiça na esperança de reaver parte de suas aplicações.

Segundo a publicação, cerca de 20 pessoas já registraram boletim de ocorrência para acusar a BWA de estelionato na Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Santos. Somente as pessoas que procuraram a delegacia relatam um prejuízo de R$ 10 milhões.

Ao portal Tribunal o delegado Luiz Ricardo de Lara Dias Júnior disse que juntará os boletins de ocorrência em um único inquérito policial e que também outros investidores que procurarem a delegacia terão seus relatos inseridos no mesmo inquérito.

“Esse dinheiro está em algum lugar e deve ter sido pulverizado”, arma Lara.

Ainda segundo a publicação Paulo Roberto Ramos Bilibio, que é apontado como o comandante da BWA está desde o ano passado nos EUA junto com a mulher Jéssica que figura no quadro societário da empresa. Paulo teria ido para os EUA após ter sido sequestrado em um caso que envolveu policiais da Rota, Polícia Civil e Militar a mando do empresário Guilherme Aere. Bilibio já teve um pedido de apreensão de seu passaporte determinado pela Justiça.

Em nota a BWA informou que:

“A BWA, empresa atuante no segmento de criptomoedas desde 2017, com uma carteira de centenas de clientes, esclareceu a todos, sem exceção, a pausa em suas operações no segundo semestre de 2019, assim como a retomada das mesmas no primeiro semestre de 2020. Além das reuniões presenciais, a empresa criou um canal exclusivo dedicado aos mesmos com comunicados periódicos. Lamentamos que uma mínima parte de clientes se baseou em rumores e notícias difamatórias, buscando precipitadamente uma solução por meios jurídicos”, conclui a nota

Recentemente, como informou o Cointelegraph, clientes da BWA acusaram a empresa de ligação com a aquisição da Rádio "Estadão FM", hoje "Massa FM" junto com o apresentador Carlos Massa, conhecido como Ratinho. A acusação que integra o Processo 1001014-67.2020.8.26.0562, não foi aceita pela justiça e pedia a inclusão da Rádio como réu no processo que pede restituição de valores investidos na BWA.

"Aduz que os sócios do Grupo BWA sumiram sem dar qualquer satisfação. Explica que a rádio “Estadão FM”, atual rádio “Massa FM” foi adquirida com recursos financeiros captados por clientes que investiram no grupo BWA, razão pela qual quer a inclusão desta empresa e seus sócios no polo passivo. Pugna pela concessão de liminar para que seja efetuado bloqueio de ativos financeiros e de bens em nome das requeridas", diz a ação.

Ratinho anunciou a compra da Estadão FM, 92,9 MHz em junho de 2019, antes do apresentador a emissora era comandada pela igreja Comunidade Cristã Paz e Vida. O total pago pela Rádio, segundo informações foi cerca de R$ 50 milhões.

Embora não seja claro a ligação entre Ratinho e a BWA, para justificar as suspeitas levantadas pelo cliente, aparentemente, o apresentador possui alguma ligação com o Grupo Bitcoin Banco já que em maio do ano passado Ratinho chegou a participar de um jantar com o controlador do GBB, Claudio Oliveira. 

Na foto do jantar, divulgada acima na época pelo apresentador Amaury Junior, também é possível identificar o empresário Paulo Bilíbio, que é apontado como o dono da BWA. O Jantar ocorreu em maio, um mês antes do anúncio da compra da Rádio. Paulo Bilbio e a BWA estão entre os principais credores do Grupo Bitcoin Banco segundo dados recentes divulgados pela empresa responsável pela Recuperação Judicial. 

Na inauguração da "Rádio Massa FM" os empresários da BWA estão entre os convidados de honra no evento, ao lado do apresentador Carlos Massa, o Ratinho. No evento também havia, segundo as imagens, um suposto banner no qual a BWA afirmava ter alguma ligação com a Rádio.

"Agora a BWA também é MassaFM.

Banner que teria sido fixado na inauguração da Massa FM no ano passado

Sócios da BWA, inclusive o suposto dono da empresa, Paulo Bilibio, durante o anuncio oficial da aquisição da rádio

Nossa reportagem procurou o apresentador mas até a publicação desta reportagem não obteve uma resposta.

Em uma ação realizada em 03 de fevereiro clientes da BWA conseguiram realizar busca e apreensão de diversos bens na sede da empresa. Os clientes, de posse de um mandado de apreensão de bens teria ido até a sede da empresa junto com um Oficial de Justiça e levado diversos bens da empresa, incluindo mesas, cadeiras, móveis, televisores, quadros e demais itens. No total teriam sido retirados da sede da empresa dois caminhões de equipamentos.

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