A tecnologia blockchain permitiu uma explosão dos jogos play-to-earn (P2E) em 2021, o que representou um volume de quase US$ 5 bilhões em movimentação deste mercado. Por outro lado, os ganhos deste setor, que ainda representa cerca de 3% de toda a indústria de jogos, poderia ser maior em razão do público-alvo destas plataformas, que privilegiam os investidores de criptomoedas pela proposta de recompensas.
Em contrapartida, os projetos das desenvolvedoras dos jogos P2E pouco abarcaram as expectativas da grande parcela de jogadores de videogames, mais adeptos da diversão. Realidade que começa a se transformar por meio dos jogos play-and-earn (jogar e ganhar), segundo avaliação da especialista em blockchain e CEO da Sp4ce Games, Heloísa Passos.
Para se ter uma ideia do “desequilíbrio” que pode ter atraído os investidores, o jogo P2E mais popular do mercado, o Axie Infinity (AXS) registrou ganhos que superaram os 17.000% em 2021 de acordo com o mapeamento do CoinMarketCap. O game segue a lógica da recompensas na forma de tokens não fungíveis (NFTs), embora o início da aventura passe por um investimento inicial, que é a compra de NFTs, no caso três “Axies”, que são os monstrinhos dos jogo. Realidade que, em linhas gerais, é a mesma entre os principais jogos P2E do mercado.
Além da possibilidade de investimentos, os jogos P2E se transformaram em fonte de sustento ao redor do mundo. Foi o que revelou uma publicação do Cointelegraph Brasil contando, por exemplo, as histórias do tailandês Jarindr Thitadilak, de 28 anos, que afirma ter ganhado US$ 2 mil no mês passado, e da filipina Teriz Pia, de 25 anos, que deixou de ser professora para se transformar em proprietária de uma guilda com 300 jogadores, responsável pelo faturamento de US$ 20 mil.
Por outro lado, há quem privilegie a diversão nos jogos. Aliás, essa é uma parcela gigantesca deste mercado, 97% aproximadamente, segundo um levantamento da plataforma de análise e rastreamento de aplicativos descentralizados (DApp) DappRadar. O que é mais do que suficiente para justificar uma mudança de filosofia nas desenvolvedoras para o que parece ser a evolução dos jogos P2E: os jogos play-and-earn.
Em entrevista à Exame, Heloísa Passos, que é a criadora da maior comunidade de jogos play-to-earn do Brasil, disse que as pessoas expostas aos jogos blockchain são nativas do mercado cripto, o que se soma à falta de um entendimento maior em relação ao funcionamento do mercado de games, fatores que aparentemente já foram percebidos pelas desenvolvedoras de jogos na busca pela ampliação de mercado.
Realmente, acho que o play-and-earn é o futuro e o presente do play-to-earn, porque as pessoas gastam para jogar, e se você tem um jogo legal e que você não precisa gastar, vai haver a adoção, não só entre as pessoas mais competitivas, mas até os jogadores mais casuais. Acho que é uma das barreiras a serem retiradas, mas não a última. Temos muitas barreiras de educação, em relação à tecnologia, ao financeiro, à segurança que vem primeiro, avaliou Heloísa Passos.
Para se ter uma ideia da barreira que aparentemente existe entre a parcela de jogadores tradicionais de jogos online em relação aos usuários das plataforma de jogos P2E, a gigante Blizzard teve que se explicar após enviar um formulário à sua comunidade questionando o interesse dos membros por jogos NFT, o que acabou gerando especulações, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.
LEIA MAIS: